O Museu Americano de História Natural de Nova Iorque cancelou na segunda-feira (15) o evento que estava marcado para o dia 14 de maio promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.
O evento seria a concessão de um prêmio para Jair Bolsonaro como “Pessoa do Ano” e tem patrocínio de bancos, como Bank of America, UBS, HSBC, JPMorgan Chase e Santander.
Segundo o Museu, o agendamento da solenidade foi feito sem saber quem seria o homenageado. Mas após tornar-se público que seria Bolsonaro, a instituição, considerada como “uma das mais proeminentes instituições científicas e culturais do mundo”, foi alvejada com uma saraivada de críticas vindas de cientistas do museu, líderes políticos, personalidades e ativistas no Brasil e nos Estados Unidos.
Pelo Twitter, o museu esclareceu que a decisão foi tomada por causa da preocupação com “objetivos declarados da atual administração brasileira”. Os críticos da homenagem apontam que Bolsonaro defende a ditadura de 64, que sufocou o Congresso Nacional, prendeu, torturou e matou milhares de defensores da democracia no Brasil.
Além disso, é inimigo do meio ambiente, depredador da Amazônia. Tem tomado medidas, como a desregulamentação dos canais de fiscalização dos crimes ambientais.
O prefeito de Nova Iorque, Bill de Blasio, afirmou que Bolsonaro é “um ser humano muito perigoso”, durante entrevista à rádio WNYC, na sexta-feira (12). No Twitter, ele comemorou o cancelamento: “Jair Bolsonaro é um homem perigoso. Seu racismo visível, homofobia e decisões destrutivas terão um impacto devastador no futuro do nosso planeta. Em nome da nossa cidade, obrigado @AMNH por cancelar este evento”.
O grupo Defenda a Democracia no Brasil, de Nova Iorque, e outros ativistas criticam e planejam protestos contra a Câmara de Comércio Brasil-Americana e os bancos que patrocinam o evento deste ano. Para eles, isso é um estímulo ao autoritarismo e à destruição da economia brasileira. “Tudo isso está destruindo a economia e a democracia do maior país da América do Sul por nada mais do que lucro”, disse Natália Campos, porta-voz do grupo. “Está destruindo recursos naturais e está destruindo vidas”, completou a liderança.
No Brasil, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição disse que o evento em Nova Iorque “encorajou” o “desprezo do presidente pelo [valor] e riqueza de nossa nação”. “É bastante irônico”, disse.
O Museu de Nova Iorque adendou que o “evento tradicional vai avançar em outro local na data original e hora”.
A notícia de que Bolsonaro seria homenageado surgiu em 11 de fevereiro. Bolsonaro chegou a agradecer a indicação ao prêmio.