Na véspera, o ex-guru Bannon também saudara a capo da AfD alemã com o famigerado gesto do braço estendido, o “Sieg Heil” hitlerista. É de se estranhar aqueles que se dizem paladinos da luta contra o antissemitismo, a exemplo da organização judaico-americana, “Liga Anti-Difamação”, não verem nada grave no perigoso gesto de Musk
Deu uma coceira danada, com tanto fascista aglomerado em Washington, e aconteceu. Elon Musk, o primeiro-bilionário do novo regime, não se conteve e fez uma saudação nazista ao público durante a comemoração da posse de Trump. De tão entusiasmado, repetiu o “Sieg Heil”, mais popularizado como “Heil Hitler”.
Em outra efeméride que antecedeu a posse, com convivas de várias partes do mundo, também fascistas, o ex-guru Steve Bannon caprichou no anauê, ao saudar a capo da AfD, a alemã Alice Weidel, esta, aliás mimada por Musk com uma entrevista no X.
A incontinência virou meme nas redes sociais no mundo inteiro, com o público não tendo maiores dificuldades em detectar de onde vinha o frenesi que os acometeu.
Mas, reza a lenda, milionário não é doido, no máximo, excêntrico, ainda mais com US$ 1 trilhão de cotação em Wall Street e candidato a imperador de Marte. Assim, parte da mídia se esforçou por ver no manjado gesto uma longínqua “saudação imperial romana”.
Ou, quem sabe, uma “volta às raízes”, já que Musk é herdeiro de uma família de magnatas sul-africanos, mais exatamente bôeres, a elite dos descendentes de colonizadores holandeses que pariram o apartheid, além de simpatizarem nas horas vagas com Hitler. Outro aristocrata das redes, Peter Thiel, seu amigo e apoiador de Trump, bebeu nas mesmas águas.
Talvez o mais acintoso haja sido que certos círculos coniventes com o genocídio contra os palestinos em Gaza, mas que com sua lupa distorcida vêem antissemitismo em qualquer denúncia dos crimes de Netanyahu, como a Liga Anti Difamação dos EUA (ADL, na sigla em inglês), manifestaram a máxima compreensão para com o gesto de Musk.
Não, de jeito nenhum, eles mostram com suas atitudes: nada a ver com antissemitismo ou com apologia do nazismo.
Para eles, antissemitismo é qualquer manifestação solidária ou de combate da resistência palestina, tudo a serviço de fazer a mentira (como diria Goebbels) virar verdade pela repetição de propaganda, onde a luta contra o antissemitismo não visa, de fato, combatê-lo mas está sempre a serviço de um mundo à parte onde a vítima é apresentada como o agressor e o opressor se traveste de oprimido para, como vimos em Gaza, matar mais, prender mais, destruir mais, ferir mais, aleijar mais.
Já que Trump anda preocupado com o daltonismo alheio, o que até virou motivo de uma das 200 ordens executivas, talvez seja um caso de cegueira optativa da ADL, em homenagem àqueles tempos em que o estado-maior do projeto sionista, às vésperas da II Guerra Mundial e do holocausto, fazia acordos com Hitler para avançar seu projeto de usurpação e ocupação da Palestina.