
Com uma coletiva à imprensa na Casa Branca, o oligarca-mór dos EUA, Elon Musk, formalizou na sexta-feira (30) sua saída do governo Trump, em meio a protestos generalizados contra ele e o desmonte do setor público que ele chefiava, queda nas vendas da Tesla, especialmente na Europa, US$ 150 bilhões na bolsa de Nova Iorque que viraram espuma, terceiro fiasco consecutivo de sua Space X Starship, que explodiu, denúncia de uso de drogas pesadas, além de um olho roxo que ele atribuiu ao filho pequeno.
Antes de bater em retirada, o repúdio a Musk nas ruas viralizou em inúmeras ocasiões, com cartazes de “deportem Musk” – que emigrou do fim do apartheid para os EUA, onde aumentou a fortuna -, e adesivos de carro usados por donos do Tesla avisando que comprou “antes de Musk enlouquecer”.
Nos quatro meses à frente da Secretaria de Eficiência Governamental (DOGE), de “visionário da alta tecnologia”, como gostava de encenar, Musk tornou-se notório como nazista por sua saudação “Sieg Heil” na comemoração da posse de Trump. E por seus esbirros hi-tech fuçando por toda a parte, para demitir mais e “cortar gastos”, para sobrar mais grana para os magnatas, os crimes de guerra e para a caçada aos imigrantes.
O jornal The New York Times revelou que naquele famoso episódio em que Musk segurou a motosserra [de Milei] ele estava sob efeito das drogas, enquanto repetia incessantemente “viva la libertad, carajo”.
Ainda segundo o NYT, as drogas de que Musk faz uso são a cetamina, um poderoso analgésico que provoca alucinações (além de problemas na bexiga), ectasy, cogumelos alucinógenos e Adderall, de efeito estimulante e supostamente usado para tratar TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade).
Na troca de gentilezas do bota-fora, Trump atribuiu ao neto do apartheid sul-africano a responsabilidade pela “mais ampla e consequente reforma do governo em gerações” e asseverou que Musk “continua no governo”.
Já Musk agradeceu a Trump pela “oportunidade de reduzir gastos desnecessários” e augurando à DOGE “se tornar um modo de vida em todo o governo”.
Nas contas da Financial Times, a “economia” de US$ 175 bilhões que Musk alega ter realizado só existe no papel e, aliás, não há como uma auditagem das contas do Pentágono sobreviver até à conclusão. E sem cortar o dinheiro para as armas, as guerras e as 800 bases no estrangeiro, não tem orçamento que dê jeito.
Para não dizer que Musk passou em branco, partiu dele e da máfia da PayPal aquele vexame na Casa Branca sobre o “genocídio de brancos” na África do Sul a que Trump se prestou e que foi desmascarado não só pelo presidente Ramaphosa mas pelo mais rico fazendeiro sul-africano branco, que fazia parte da comitiva.
Na semana que antecedeu sua autodemissão, Musk havia dito já ter feito “o suficiente”, acrescentou não ver “mais “nenhum motivo” para fazer doações políticas – logo ele, que deu US$ 250 milhões para a campanha de Trump – e até reclamou do tarifaço de Trump; afinal, sua gigafábrica da Tesla é na China.
Em entrevistas recentes, Musk admitiu que sua incursão na política gerou efeitos colaterais negativos para seus negócios e o tornou mal visto por consumidores e até investidores.
Ao se autoincriminar publicamente – parece que isso é moda atualmente entre os fascistas – Musk viu se patrimônio cair de US$ 480 bilhões em dezembro do ano passado para US$ 330 bilhões em abril. As ações da Tesla caíram 43% desde dezembro. Já as receitas da Tesla caíram 57% desde 2023.