Os indicadores industriais do mês de maio, divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), foram desastrosos.
O faturamento real da indústria no país desabou 16,7% em maio na comparação com abril, descontados os efeitos sazonais, o pior resultado da série histórica, e recuou 13,8% frente a maio de 2017.
Para a CNI, o primeiro trimestre “evidenciou que a indústria encontrava-se em dificuldades” para fazer frente à campanha promovida por Michel Temer de que há uma certa “recuperação da economia”.
Com a produção industrial patinando no fundo do poço: em janeiro -2,4%; em fevereiro +0,2%; em março -0,1%, e em abril +0,8%, não há faturamento que resiste.
Mas, segundo a entidade, em que pese o mês de abril apresentar “bons resultados”, a culpa do desastre é da “paralisação dos transportes”, dos caminhoneiros.
O mês de abril, comemorado pela CNI, registrou um variação de apenas 0,8% na produção industrial em relação a março. Mas, para o do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o resultado se baseou no “efeito calendário”.
Segundo Rafael Cagnin, economista-chefe do IEDI, abril deste ano teve três dias úteis a mais que no ano passado, “algo incomum”. Para ele, a recuperação da produção industrial continua lenta e irregular, além disso, a variação de +0,8% em abril foi muito influenciada pela produção sucroalcooleira. “Foi a primeira vez no ano em que a indústria mostrou uma reação substancial, mas novamente com metade dos setores em alta, metade em queda. Esse jogo dividido tem sido constante. Raramente o placar é mais para o lado favorável”.
Responsabilizar, mais uma vez, a paralisação dos caminhoneiros, que só fizeram alertar o governo e o setor produtivo o quanto danosa é, para a economia nacional e a população do país, a política de reajustes diários nos preços dos combustíveis, é tapar o sol com a peneira.
A greve, que contou com o apoio da grande maioria da população, durou 11 dias por irresponsabilidade e intransigência do governo federal, que demorou a receber as lideranças e até hoje não atendeu a todas as reivindicações prometidas à categoria para o fim da greve. Justas reivindicações, como a redução do preço do diesel e o preço mínimo para o frete, que vem sendo boicotado por alguns setores como o agronegócio, contribuindo assim para o agravamento da crise.
QUEDA GENERALIZADA
Em maio, segundo a CNI, todos os indicadores registraram queda, “algumas bastante expressivas”, diz. Além do faturamento médio real visto acima, houve uma forte queda da Utilização da Capacidade Instalada (UCI), que ficou em 75,9%, uma queda de 2,2 pontos percentuais na comparação com abril. O menor percentual mensal desde 2003.
O emprego industrial recuou -0,6% em maio na comparação com abril, na série dessazonalizada. As horas trabalhadas na produção caíram 2,4% em maio após o ajuste sazonal e a Massa salarial recuou pelo segundo mês consecutivo (-1,7%).