Nesta quarta-feira, dia 10, Josué Gomes, antes de passar a presidência da Fiesp para seu adversário, Paulo Skaf, reuniu jornalistas para um café da manhã. Na ocasião, declarou: “Eu me dei conta na Fiesp de que nós, industriais, estamos prisioneiros da Síndrome de Estocolmo. Nos apaixonamos pelos segmentos que sequestraram a agenda econômica nacional”.
Lamentou não ter reunido as forças necessárias entre o empresariado para promover mudanças macroeconômicas que colocassem a indústria no mesmo patamar de outros setores, que têm sido favorecidos há décadas.
Josué declarou ainda que uma fração considerável da indústria defende ideias que vão contra seus próprios negócios. “Hoje, é comum vermos empresários da indústria nacional defenderem os mesmos pontos de vista que o setor financeiro e insistirem em dizer que o problema da taxa de juros alta é apenas porque o Estado gasta demais”.
“Estamos repetindo o mesmo mantra do setor financeiro. Nos tornamos como aquele sequestrado que se apaixona pelo sequestrador e fica repetindo o discurso do sequestrador. Estamos apaixonados pelas causas dos outros setores. Por isso, estamos perdendo o debate econômico”.
“A reforma tributária aprovada no atual governo Lula simplifica o sistema tributário brasileiro e isso é bom, mas não irá equalizar a carga de impostos entre setores, o que prejudica a indústria, que arca com a maior carga tributária entre os setores produtivos no Brasil”.
Gomes lembrou que, quando assumiu a presidência da Fiesp, em 2022, a redução da carga tributária para a indústria era uma prioridade:
“Falhamos, infelizmente.”
Josué declarou que o Brasil deve continuar apostando no programa Nova Indústria Brasil, que busca reverter o processo de desindustrialização e defendeu o fortalecimento do programa.
“Cabe a nós, como uma liderança relevante e reconhecida pelos países europeus e asiáticos, reconstruirmos as instituições multilaterais que nos atendem”.
Skaf apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 e de 2022, enquanto Josué Gomes é mais próximo do presidente Lula.
CARLOS PEREIRA











