Com um ato abaixo das expectativas e num espaço acanhado, o PT tentou, pela terceira vez, lançar na noite de sexta-feira (8), em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, a pré-candidatura de Lula à presidência da República. Preso em Curitiba desde 7 de abril, o petista escreveu uma carta que foi lida ao final do evento por Dilma Rousseff.
O evento aconteceu em meio à desconfiança de líderes do partido acerca da viabilidade política da manutenção da candidatura. A legenda sofre com a debandada de aliados e dificuldades de ajustes em palanques estaduais que enfraquecem ainda mais o projeto nacional da sigla.
Sem o discurso de Lula, o ato teve shows de música e falas de quatro dos cinco governadores do partido (BA, AC, PI, MG). O governador cearense, Camilo Santana, que é próximo do pré-candidato Ciro Gomes (PDT), não compareceu.
Também falaram as lideranças das bancadas no Congresso Nacional, movimentos sociais e dois dos nomes cotados como planos B se a Justiça Eleitoral confirmar a inelegibilidade de Lula: o ex-ministro Jaques Wagner e o ex-prefeito Fernando Haddad. Por ter sido condenado em segunda instância no processo sobre o tríplex do Guarujá, o petista está enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que foi sancionada pelo próprio Lula em 4 de junho de 2010.
Apesar do esforço para tentar convencer a militância que a candidatura é para valer, dirigentes do partido reconheciam reservadamente que a chance do ex-presidente disputar a corrida ao Palácio do Planalto em outubro é remota.
A própria realização do evento foi uma tentativa de reverter esse quadro, após a divulgação de declarações de Camilo Santana em favor de Ciro. O lançamento foi definido em uma reunião da presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), com governadores do partido. O objetivo era conter uma debandada em favor do pré-candidato do PDT dentro do PT.
Gleisi afirmou que a prioridade do partido, em termos de aliança, é o PSB, mas admtiu o isolamento do PT. “Eu acho que é importante tirar o PT do isolamento no plano nacional. Mas a gente sabe das dificuldades políticas que o grupo que comanda o PSB tem para conduzir o partido formalmente para uma aliança nacional com o PT”, disse a senadora.
O mote da pré-campanha de Lula, “o Brasil feliz de novo”, foi exibido em um vídeo de retrospectiva, com a trajetória do petista de Pernambuco à Presidência. O vídeo continua com a eleição de Dilma e seu impeachment, até chegar em 2018, quando exibe discursos de Lula como pré-candidato.