O livro “Cidades Democráticas – A experiência do PCdoB e da esquerda em prefeituras (1985-2018)”, da ex-vice-prefeita e ex-secretária de Educação do município de São Paulo, Nádia Campeão, foi lançado na última sexta-feira (6).
“As experiências que temos nos mostram que o caminho para a melhoria da vida do nosso povo é o oposto ao que Bolsonaro tem tomado”, afirmou a autora, que é atualmente secretária de Relações Institucionais e Políticas Públicas do PCdoB.
Lideranças políticas e sociais e personalidades lotaram o espaço do evento, que aconteceu na livraria da editora Anita Garibaldi, no centro de São Paulo. Entre elas, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), que é pré-candidato a prefeito de São Paulo, o vereador de São Paulo, Eduardo Suplicy (PT), e o ex-presidente do PCdoB e atual presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo, o vice-presidente do PCdoB-SP, Jamil Murad, e João Vicente Goulart, que foi candidato a presidente da República em 2018.
Para Orlando, o livro é “a síntese de uma experiência de vida, uma experiência prática, e uma construção de um pensamento político mais avançado”. “Nós temos que extrair as melhores experiências, as melhores práticas, para que consigamos melhorar a vida do nosso povo”, disse.
Nádia Campeão acumulou muita experiência na Prefeitura de São Paulo. Na gestão de Marta Suplicy (2001-2004) foi secretária de Esportes e foi vice-prefeita e secretária da Educação de Fernando Haddad (2013-2016).
A autora acredita que a eleição de Bolsonaro foi um momento de ruptura no diálogo das prefeituras com o governo federal.
“Houve uma mudança drástica de toda a trajetória que vinha se dando no nível das prefeituras desde 1985. A história mostra que até 2018 houve um acúmulo de experiências com as políticas públicas, de democratização de gestão pública, de aproximação com os cidadãos. E isso sempre teve uma maior ou menor distância das políticas nacionais, a depender do presidente. Mas, no sentido geral, se caminhou no sentido de desenvolver os direitos constitucionais, a democracia”, assinalou.
“Em 2018 tivemos uma mudança brusca com a eleição de Bolsonaro para presidente. Apesar do teto de gastos, por exemplo, ser anterior a ele, começamos a ver um desmonte de praticamente todas as políticas públicas significativas, o que tem muito impacto na gestão pública municipal”, avaliou Nádia.
“Acredito que essa safra atual de prefeitos, assim como a que vai entrar em 2020, vai ter que ser muito criativa em como realizar as necessidades, anseios e demandas da população, em meio a uma situação de muitas dificuldades”.
“Nacionalmente só se fala de ajuste fiscal, não temos uma economia que esteja reagindo, então as receitas não estão crescendo para fazer frentes às demandas, e uma população com alto nível de desemprego, com desproteção social e buscando nas prefeituras um abrigo. Dessa forma, vamos viver uma situação cada vez mais difícil”, prevê a ex-vice-prefeita.
“Para que haja uma cidade justa, democrática e capaz de atender sua população é preciso que haja uma consonância com a política nacional. É preciso que haja investimento federal para enfrentar os problemas”.
“A questão da moradia, por exemplo, não é possível de ser superada somente com verba dos municípios. Para a educação, é preciso que o FUNDEB [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica] esteja presente. Mas o que a gente vê é que o governo federal vem suspendendo todas as políticas públicas que foram importantes nos últimos 40 anos”, criticou.
“Vai caber aos candidatos que sejam alinhados com a defesa das políticas públicas inclusivas, que atendam ao povo e que defendam a educação e saúde pública, apresentar programas para a cidade, mas não vão poder esconder da população de que existe um empecilho muito grande com a política do atual governo federal”, afirmou.
Para Nádia Campeão, a política econômica do governo coloca os municípios em situação de penúria. “Na medida em que o país não retoma o crescimento, que as receitas da União, dos estados e dos municípios não voltam a crescer, somado com uma população fragilizada por conta do desemprego, vai ser muito difícil que prefeitos consigam ter uma gestão com muitas realizações, que é o que a população espera”.
Ela alerta que a eleição do ano que vem se dará num quadro dramático e não será possível deixar de abordar na campanha eleitoral a crise que o país atravessa. “Acredito que, durante a campanha do ano que vem, vai ser impossível que a questão nacional, o que tá acontecendo no país, não faça parte do debate municipal. Vai ser impossível desvencilhar essas questões. A situação que veremos em 2020 vai ser muito crítica”, concluiu Nádia.
Estaveram presentes ainda os dirigentes do PCdoB, Mauro Bianco e Sérgio Rubens.
PEDRO BIANCO