O ex-deputado João Goulart Filho, pré-candidato a presidente pelo Partido Pátria Livre (PPL) afirmou na quarta-feira (21), em entrevista à Radio Folha de Pernambuco, que seu partido é um partido novo, e que, antes mesmo de ser um partido, “já lutava contra a ditadura e, agora, defende um novo modelo de desenvolvimento para o Brasil”. Um modelo que, segundo ele, objetiva completar a obra de seu pai, o ex-presidente Jango, deposto pelo golpe pró-imperialista de 1964. João Goulart cumpre a agenda política em Pernambuco, depois de ter apresentado suas propostas na Paraíba.
“O Partido Pátria Livre”, disse ele, “não terá acesso ao fundo eleitoral, mas isso não nos desanima nessa empreitada. Isso só significa que o partido não tem nenhum compromisso com o que está aí”. “Será uma batalha de David contra Golias, mas, é bom lembrar que, algumas vezes, Golias perde”, disse ele. “Esse fundo eleitoral que está aí foi criado para manter o foro privilegiado dos parlamentares que foram eleitos com base em propinas de empreiteiras e grandes grupos empresariais”, acrescentou o pré-candidato. Para ele, o compromisso maior de sua candidatura é com o nacionalismo econômico, em defesa dos direitos dos trabalhadores e das estatais estratégicas. “Nós vamos revogar a reforma trabalhista que tirou direitos dos trabalhadores”, garantiu o ex-deputado. “Vamos também lutar contra as privatizações de nossas estatais como a Eletrobrás, a Petrobrás”. “Não queremos a entrega da Embraer para a Boeing”, salientou.
Ele disse que o golpe contra seu pai não foi contra a figura de Jango, mas contra um projeto de nação independente. “E muitas das reformas que Jango estava implementando, como a reforma agrária, a reforma bancária, a questão da remessa de lucros, a mudança nos tributos, e outras, estão bastante atuais”, apontou. “Vamos revisitar essas reformas inconclusas e vamos trazê-las para os dias atuais”, disse João Goulart. No final do dia o pré-candidato esteve na Câmara de vereadores de Cabo de Santo Agostinho onde discursou, mesmo durante um apagão, que atingiu vários estados do Nordeste. A luz para o evento foi garantida com faróis de carros.
Sobre a situação da esquerda, João Goulart, afirmou que o país está vivendo um período difícil, mas, segundo ele, “é com democracia que se encontram os melhores caminhos para superação da crise”. “Se o Bolsonaro quer defender idéias fascistas, que o faça, se Lula quer ser candidato, tudo bem. Mas, eu acho que é constrangedor uma candidatura pendurada em liminares”, observou. “Acho que seria muito ruim um candidato como o ex-presidente obter os votos e, depois, ter sua candidatura impugnada. Ter os votos impugnados. Seria melhor que ele tentasse promover um grande diálogo e não insistisse com sua candidatura”, argumentou.
Em entrevista para o site da UOL, publicada na quarta-feira, João Goulart comentou a ida de Lula a São Borja, no RS, terra de Getúlio. Na opinião de João Goulart esse gesto significa “uma revisão do PT sobre Getúlio Vargas”. “Eles consideravam Getúlio como fascista. Agora estão tendo que rever essa avaliação e se inspirar no que representou Getúlio. Ele foi responsável pela industrialização do país e pelos direitos trabalhistas. Os mesmos direitos que hoje estão sendo retirados”, completou João Goulart. Na foto à esquerda, o ex-presidente João Goulart, ou Jango como era carinhosamente chamado pelo povo brasileiro, aparece junto com o ex-governador Miguel Arraes. Os dois tinham em mente planos semelhantes e trabalharam intensamente para transformar o Brasil numa grande nação com progresso e justiça social.