
O ato do ex-presidente Lula (PT) em Diadema (SP), na tarde deste sábado (9), reuniu milhares de pessoas e juntou no mesmo palco os ex-governadores Geraldo Alckmin (PSB) e Márcio França (PSB), e o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, pré-candidato a governador do Estado.
O ex-presidente da República defendeu para a multidão presente que a fome se combate com o aumento do salário mínimo e com emprego.
“Já provamos que aumento de salário não faz mal para ninguém, que comer bem não faz mal para ninguém, que pobre e trabalhador tem direito. O que a gente quer é acabar com a pobreza e acabar com a miséria. A gente não quer passar fome, não quer comer do pior”, disse.
“33 milhões de brasileiros vão dormir sem ter o que comer, 105 milhões de pessoas têm algum problema de insuficiência alimentar. Como se explica que no país que é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo tem gente indo dormir sem comer?”, questionou Lula.
“Como se explica que no maior produtor de carne do mundo, as pessoas estão fazendo fila para pegar um osso para levar para casa?”, prosseguiu.
Lula afirmou que “não é falta de produção, não é falta de conhecimento científico e tecnológico, não é falta de capacidade produtiva”. “É falta de dinheiro, que é causada por falta de emprego, que é causado pela falta de vergonha na cara de quem governa esse país”, assinalou o ex-presidente.
Ele argumentou, ainda que “mais de 80% das categorias profissionais que fizeram acordo [salarial] no ano passado, fizeram [acordos] com menos do que a inflação”. “Ou seja, não conseguiram sequer repor a taxa da inflação”, criticou o arrocho salarial.
“Vamos colocar o pobre no orçamento do Estado”, disse Lula, enfatizando que é preciso “mudar o papel do Estado” e colocá-lo a serviço do cidadão que mais precisa. “A violência da periferia não é a polícia que vai resolver, é o Estado estar na periferia com política pública, com saúde, com educação, inclusive de tempo integral”.
O ex-presidente criticou a atuação do governo Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19 que resistiu a ajudar financeiramente a população trabalhadora que precisou ficar em quarentena. Ele denunciou que os R$ 600 do auxílio emergencial só foram distribuídos por conta da atuação da oposição no Congresso Nacional.
“Esse cidadão acabou com a carteira profissional tradicional e falou que ia criar a Carteira Verde e Amarela. Na verdade, o que ele fez foi acabar com os direitos dos trabalhadores e os transformá-los em semi-escravos, sem férias, 13º, descanso remunerado e, se cair da bicicleta e se machucar, não tem ajuda ou assistência médica”, criticou Lula, em referência às condições precárias de trabalho dos motoboys, dos entregadores e dos motoristas de aplicativos.
O pré-candidato a presidente pelo PT, com o apoio de sete partidos (PT, PCdoB, PV, PSB, PSOL, Rede e Solidariedade), ainda condenou o retrocesso que representa o teto de gastos, aprovado no governo Michel Temer, que limita os investimentos na economia e nas áreas sociais.
“Vamos acabar com o teto de gastos. O que queremos é fartura de emprego e fartura de comida”, afirmou.
Lula também declarou que é preciso resgatar a bandeira brasileira para a nacionalidade. “Nós precisamos resgatar essa bandeira, porque ela é do povo desse país, não é de fascista. É de quem trabalha, das mulheres, dos negros, da sociedade brasileira. Temos que ter orgulho”, enfatizou o ex-presidente.
Em seu discurso, o vice da chapa de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin, declarou que “o que está em risco, hoje, é o Estado Democrático” e conclamou à união de todos os democratas.
Alckmin defendeu a candidatura a senador de Márcio França, que foi seu secretário e vice-governador, e destacou Fernando Haddad como candidato a governador de São Paulo.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), da coordenação da campanha de Lula, disse que Bolsonaro é a “maior tragédia da história” do país. “Bolsonaro não é cristão”. “Cristo não deixou 33 milhões de irmãos seus morrendo à míngua sem ter um prato de comida por dia. Quando Pedro desembainhou a espada para tirar a espada da orelha de um romano, ele [Cristo] disse: embainhe a espada, porque aquele que com a arma fere, com a arma morrerá. O Cristo não ensinou a armar, ensinou a amar”.
O senador se dirigiu a Márcio França e disse: “Márcio, aguardo você no Senado da República”.
O ex-prefeito Fernando Haddad declarou que a “Constituição está sendo rasgada todo dia” pelo atual governo. “Todo dia alguém perde algum direito. Todo dia alguém perde o horizonte, uma oportunidade”, falou o ex-prefeito.
“Estamos falando em redemocratizar e reconstruir um país que está arrasado na Cultura, na Educação, um país que está isolado na América do Sul, isolado da Europa, da Ásia, não sabe o que é a África. É só desmonte”, acrescentou.
“Estamos reunidos [aqui] porque tem 33 milhões de pessoas passando fome, porque 38% dos brasileiros que têm renda ganham até 1 salário mínimo, porque 50% das crianças de 10 anos não sabem ler e escrever porque na pandemia não tiveram direitos”, apontou Haddad.
O ex-governador e agora pré-candidato a senador por São Paulo, Márcio França, assinalou que Fernando Haddad “tem as melhores condições” condições para ser o candidato a governador. “60 mil pessoas estão morando no chão de São Paulo. Quem pode viver desse jeito?”. “Um país com o nosso, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, tem gente passando fome”, questionou.
“Tive 10,2 milhões de votos e vou pedir para todas essas pessoas que ajudem a eleger o Lula com Alckmin e o Fernando Haddad governador de São Paulo”, completou.
O ex-prefeito de campinas, Jonas Donizette (PSB), condenou a gestão de Bolsonaro no país, jogando o povo na miséria e na fome. “O povo brasileiro está sofrendo muito”, disse Jonas. Ele elogiou Márcio França por ter aberto mão de sua candidatura em nome da unidade com Haddad.
O presidente do PCdoB de São Paulo, Rovilson Britto, responsabilizou Bolsonaro “por milhares de mortes, não só pela Covid, mas pela fome, pela destruição do meio ambiente, pela destruição do SUS, da Educação”. “Ele é inimigo do povo, da democracia e da nação”.
Rovilson destacou a importância da unidade na luta contra o autoritarismo bolsonarista.
“Se trata de uma luta em defesa da democracia, contra o fascismo. Nessa luta, todos são muito bem-vindos, precisamos dessa unidade, união de lideranças e partidos e do nosso povo”. Ele avaliou como “muito bom” para o país e o Estado de São Paulo, Márcio França estar no palanque, assim como Geraldo Alckmin.
O pré-candidato a deputado federal e líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos (PSOL), afirmou que “em outubro, vai estar em jogo, de um lado a democracia e, do outro, o autoritarismo e a barbárie. De um lado a comida no prato, do outro a fome, a miséria”. Estava presente também o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros.
O presidente do PV, José Luiz Penna, declarou que está dado o “pontapé inicial da retomada da democracia no Brasil” e expressou sua “alegria especial em ver Márcio França e Geraldo Alckmin” na caminhada pela reconstrução do Brasil e do Estado de São Paulo.