“‘Compras governamentais’ é uma coisa para gente atender os interesses do governo, do fortalecimento da indústria e fazer com que as nossas micro, pequenas e médias empresas cresçam”, destacou o presidente
O presidente Lula afirmou, na noite desta sexta-feira (8), que o impasse com a União Europeia foi em torno das compras governamentais. “É por isso que nós não fizemos acordo com a União Europeia, porque a gente não quer ceder em compras governamentais”, disse ele, durante encontro com militantes do PT.
“Não queremos acordos que nos condenem ao eterno papel de exportadores de matérias-primas, minérios e petróleo”, afirmou Lula em recente reunião do Mercosul.
“Compras governamentais é uma coisa para gente atender os interesses do governo, do fortalecimento da indústria e fazer com que as nossas micro, pequenas e médias empresas cresçam”, acrescentou o presidente. “É por isso que nós vamos voltar a colocar componente nacional, vamos voltar a fazer navio e vamos exigir, pelo menos, 65% de conteúdo nacional nas coisas fabricadas, para gerar emprego aqui dentro”, prosseguiu.
Lula já vem há algum tempo denunciando a pressão dos europeus para entrar nas compras governamentais brasileiras. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), defendeu a posição de Lula. “Não dá para só os países da América do Sul cederem”, disse ela. “O tempo da colônia já passou”, acrescentou.
Em entrevista coletiva na Bélgica, no meio do ano, Lula disse que vários países usam as compras governamentais como instrumento de desenvolvimento interno e o Brasil também vai fazer isso. “As compras governamentais são um instrumento de desenvolvimento interno. Os Estados Unidos fazem isso. A Europa faz isso. A Alemanha faz isso. E o Brasil tem o direito de fazer isso”.
“No caso do Mercosul, nós temos interesse em ter a possibilidade de recuperar a possibilidade de nos reindustrializar. Ou seja, por isso que nós fazemos a exigência de reindustralização para que a gente possa poder ser exportador de manufaturados, de coisas com maior valor agregado, gerar empregos mais qualificados. Por isso é que nós não abrimos mão das compras governamentais”, destacou Lula.
O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou que o acordo comercial entre o Mercosul e União Europeia (UE) “oferece pouco” e “exige muito” do bloco sul-americano. “O que o acordo nos oferece é pouco, em termos dos produtos do nosso interesse, e o que se exige da gente é muito. Fica apenas a questão: vale a pena ter um acordo de livre comércio, ainda que não seja o ideal, só por ter?, questionou Celso Amorim, em entrevista ao Valor Econômico.