
“Se Trump acha que pode taxar, os países têm o direito de taxar também”, adverte o presidente brasileiro, que concluiu: “Não queremos imperador”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta segunda-feira (7), que o BRICS “não nasceu para afrontar ninguém”. “É um outro modelo, um outro modo de fazer política”, destacou Lula em declaração à imprensa, após a conferência. Na visão dele, o grupo pode ser uma “válvula de escape que a humanidade precisa” para mudar os rumos da geopolítica mundial.
“Eu não acho uma coisa muito responsável e séria um presidente da República de um tamanho de um país como os EUA ficar ameaçando o mundo através da internet. Não é correto. Ele precisa saber que o mundo mudou, não queremos imperador”, prosseguiu o líder brasileiro. O presidente também reiterou que a decisão pode ter efeitos negativos ao governo Trump, porque há, no Brasil e em outros países, a política da reciprocidade. “Se ele achar que pode taxar, os países têm o direito de taxar também”, frisou.
Lula rebateu também a provocação de Trump sobre assuntos internos da Justiça brasileira. “A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito”, escreveu o presidente nas redes sociais.
A declaração de Lula ocorre um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que vai impor uma tarifa adicional de 10% a “qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do BRICS”. O Brasil é um dos fundadores do BRICS e sedia, nesta segunda, a cúpula de líderes do bloco de economias emergentes. Ainda não há informações sobre quais países serão taxados. Trump também não esclareceu o que considera “políticas antiamericanas” em sua publicação.
Criado em 2009 por Brasil, Rússia, Índia e China – e ampliado com a entrada da África do Sul em 2010 – o BRICS agora conta também com Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Irã. A união dos países do chamado Sul Global já representa 40% do PIB mundial. O grupo também reúne, ainda, a metade da população do planeta e constata que há hoje mais de 50 países na fila para aderir ao grupo. O incômodo do regime Trump e as ameaças que ele faz é exatamente por conta desse crescimento do BRICS.