
Sindicalistas representando diversas entidades do país fizeram uma manifestação contra a reforma administrativa em frente ao gabinete do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), na terça-feira (9).
Os manifestantes participavam de um seminário da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público e tentaram ser recebidos pelo parlamentar em protesto contra a proposta de reforma que tramita na Casa, que propõe reverter avanços conquistados nas últimas décadas, reduzir direitos dos servidores, precarizar o trabalho do funcionalismo e o serviço público, abrindo espaço para a entrega de serviços públicos ao setor privado.
Durante a manifestação – reprimida pelos seguranças da Casa, que impediram o acesso dos sindicalistas ao gabinete do parlamentar e ao Plenário –, os manifestantes afirmavam que o projeto em curso na Câmara “não é reforma, é demolição”.
Enquanto isso, também na terça-feira, a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, falou em entrevista que o governo discute uma reforma administrativa que prevê um “novo modelo de estado” e que cerca de 180 mil funcionários devem deixar o serviço público nos próximos 10 anos, sem reposição integral.
“Desde 2010, a gente teve uma saída de mais de 240 mil servidores. E a gente repôs uma parte; mas, ainda assim, houve uma perda líquida de mais de 70 mil pessoas. A gente vai repor 15 mil. A nossa estimativa para frente é uma saída de uns 180 mil nos próximos dez anos. E a gente acha que não vai repor nem um terço disso, porque o efeito da digitalização é a necessidade de menos pessoas”, disse a ministra na entrevista publicada no jornal O Estado de São Paulo.
A estimativa de uma redução drástica no número de servidores, sem a devida reposição, reforça as críticas de sucateamento do serviço público feitas pelos manifestantes. Para os sindicalistas, a diminuição do quadro de pessoal, sob a justificativa de digitalização, é parte de uma lógica que enfraquece a capacidade do Estado de atender a população e aprofunda a precarização do serviço público. Consequências dessa lógica já puderem ser sentidas por aposentados do INSS, que, nos últimos anos, tiveram benefícios suspensos por não conseguirem renovar seus cadastros sem atendimento presencial.