Ele criticou a independência do BC. “Eu não sei quem criou a ideia que o cara é intocável. Um ser superior a tudo. Todo mundo recebe crítica, mas o presidente do BC, que fica mais em Miami do que aqui, não pode ser criticado?”, indagou o presidente
O presidente Lula questionou, nesta sexta-feira (30), em entrevista a um pool de rádios da Paraíba, a independência do Banco Central. “E se eu colocar o Galípolo e ele cometer um erro grave? Eu não sei quem criou a ideia que o cara é intocável. Um ser superior a tudo. Todo mundo recebe crítica, mas o presidente do BC, que fica mais em Miami do que aqui, não pode ser criticado?”, indagou o presidente.
“O Banco Central tem que ter meta de crescimento também. Não é só juros não. Senão a gente não vai para lugar nenhum. Se não tiver combinado uma meta de crescimento com uma meta de inflação, e a meta de crescimento da população, do ponto de vista da melhoria de vida, este país continua estagnado”, destacou.
‘Já tivemos Banco Central independente e Banco Central não independente. Eu, se tivesse voto, era contra. O presidente da República tem o direito de indicar o presidente do BC e de tirar, se não gostar”, acrescentou Lula.
Assista a entrevista na íntegra
Presidente Lula concede entrevista à Rádio MaisPB https://t.co/0lZDG85CUL
— Lula (@LulaOficial) August 30, 2024
Lula voltou a criticar a atuação do bolsonarista Campos Neto à frente do Banco Central. “O atual presidente do Banco Central age no Banco Central como político, não como economista. Ele se oferece em muitas reuniões políticas, coisa que não deveria acontecer. A taxa de juros no Brasil hoje não tem explicação”, disse.
“Você não precisa trocar o presidente do Banco Central se ele estiver fazendo as coisas corretas. Se tiver que baixar os juros, baixa. Se tiver que aumentar, aumenta. Mas tem que ter uma explicação. O papel do Banco Central não é só juros não. Ele tem que ter meta de crescimento também, se não a gente não vai a lugar nenhum”, observou.
“Ele tem que pensar na indústria, ele tem que pensar no comércio. Ele não pode pensar só nos interesses do mercado. Eu quero um BC que ajude esse país a se desenvolver, crescer e gerar empregos e a distribuir riqueza”, defendeu Lula.
MUSK TEM QUE RESPEITAR O BRASIL
O presidente falou também sobre a afronta do bilionário americano Elon Musk ao Brasil e à Suprema Corte do país e deu apoioàs decisões do ministro Alexandre de Moraes. “Todo cidadão que investe no Brasil está submetido à legislação e à Constituição brasileiras. Não é porque ele tem dinheiro que pode fazer o que quiser. Deve aceitar as regras do país e respeitar a decisão da Suprema Corte. Este não é um país com complexo de vira-lata”, afirmou Lula.
“Todo e qualquer cidadão de qualquer parte do mundo, que tem investimento no Brasil, está subordinado à Constituição brasileira e às leis brasileiras. Portanto, se a Suprema Corte tomou uma decisão de que o cidadão tem que cumprir alguma coisas, se ele não cumpre, vai ter que tomar uma atitude”, defendeu o presidente.
“Ele não pode ficar ofendendo os presidentes, os deputados, o Senado, ofendendo a Suprema Corte, ele pensa que é o que? Tem que respeitar a decisão da Suprema Corte brasileira. Se não for assim, esse país nunca será soberano. Não temos o complexo de vira-lata. Só porque o cara é americano e gritou, a gente fica com medo. Não. Esse cara tem que aceitar as regras desse país. Se vale pra mim, vale para ele”, acrescentou Lula.
O ministro do STF Alexandre de Moraes deu um prazo até quinta-feira (29) para que o X nomeasse um representante legal no país sob risco de ter suas operações suspensas em caso de descumprimento. Moraes determinou ainda o bloqueio das contas da Starlink – empresa que também pertence a Elon Musk, visando assegurar o pagamento de multas aplicadas ao X pela não remoção de contas e perfis que atuam na disseminação de fake news, ataques às instituições e conteúdo golpista.