O novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, afirmou que “não há dúvida” de que Jair Bolsonaro vazou dados de um inquérito sigiloso para atacar a democracia e as instituições.
“Fomentar excessos de dúvidas artificiais e crises artificiais sobre o processo eleitoral significa, a rigor, ir na contramão daquilo que é seguro à democracia é agredir a própria democracia e as instituições que a mantém”, disse Fachin em entrevista à GloboNews.
Foi exatamente o que Jair Bolsonaro fez.
Em uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, ladeado pelo deputado Filipe Barros (PSL-DF), Bolsonaro vazou informações de um inquérito sigiloso sobre uma invasão nos sistemas do TSE para dar força à mentira de que as eleições de 2018 foram fraudadas.
Na época, Bolsonaro tentava aprovar o voto impresso, mas a Câmara dos Deputados rejeitou a proposta.
Questionado pelo jornalista Márcio Falcão se “o presidente vazou dados sigilosos e sensíveis para o sistema da Justiça Eleitoral?”, Edson Fachin respondeu: “Sim, quanto a isso não há dúvida”.
Jair Bolsonaro é alvo de um inquérito por ter vazado os documentos. A delegada responsável, Denisse Ribeiro, da PF, afirmou em relatório que Bolsonaro teve “atuação direta, voluntária e consciente” no vazamento das informações sigilosas.
Ribeiro afirma que o vazamento do inquérito sigiloso causou “danos à administração pela vulnerabilização da confiança da sociedade no sistema eleitoral brasileiro e no TSE, tudo com a adesão voluntária e consciente do próprio mandatário da nação”.
O Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, indicado para o cargo por Jair Bolsonaro, pediu o arquivamento do inquérito sobre o vazamento à revelia do relatório da PF.
Edson Fachin revelou, durante a entrevista, uma “preocupação imensa que, creio, todas as mentes e corações democráticos no Brasil têm hoje: não observarmos a propagação do que já se chamou os engenheiros do caos, da ruína do Estado, da ruína das instituições, afirmações que nivelam a política por baixo”.
“Preocupa-me sobremaneira a propagação da ruína para, a partir de um rebaixamento da indispensável presença do Estado, inclusive para garantir a sociedade aberta, fazendo, com isso, propalar o caos para a partir do caos recriar uma estrutura autocrática de Estado”, continuou.
O novo presidente do TSE afirmou que “a Justiça Eleitoral garantirá a organização das eleições para que isso ocorra, diplomará os eleitos, eles tomarão posse e governarão. A partir das escolhas das lideranças que o exercício da soberania popular fizer. E este é o caminho que deve ser utilizado”.
“Realizar as eleições significa encontrar um meio não violento de resolver as controvérsias”.