O ministro Paulo Guedes acusou professores, médicos, bombeiros, assistentes sociais, enfermeiros, policiais, defensores públicos e todos os demais servidores públicos do país de parasitas.
“O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita”, disse ele, na sexta-feira (07), em evento no Rio de Janeiro, onde foi defender reduzir ainda mais os serviços públicos oferecidos à população.
E, sem a menor cerimônia, mentiu solenemente, dizendo que os servidores tiveram aumento de 50% acima inflação.
Ao contrário do que Guedes disse, os servidores públicos federais tiveram que recorrer até ao Supremo Tribuna Federal (STF) para ter direito à reposição da inflação em 2019. Nem a inflação eles queriam pagar. Os reajustes variaram de 4,5% a 6,31%, de acordo com o período avaliado. Não houve aumento nenhum de 50% acima da inflação, como inventou o ministro.
Portanto, estamos diante de um mentiroso e cínico. Estamos diante de um agente do mercado financeiro que está destruindo a economia do país e, acintosamente, quer jogar a culpa de seu desastre nas costas dos servidores públicos. É ele e sua política de privilégio total aos bancos e especuladores e estrangulamento do setor produtivo que está “matando o hospedeiro”. Não há parasita mais escrachado que Paulo Guedes.
As entidades dos servidores reagiram às agressões absurdas de Guedes. “É uma agressão gratuita e desmedida aos 12 milhões de servidores públicos do país. Nós não podemos admitir um nível de insulto tão vil de alguém que deveria zelar pelo funcionalismo público”, disse Rudinei Marques, presidente do Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Tipicas de Estado).
A Fonacate representa 200 mil servidores. Para Rudinei Marques, as agressões do ministro fazem parte de um plano orquestrado para privatizar fatias dos serviços públicos. “Se tem alguém parasitando o Estado brasileiro são os operadores de mercado que ganham dinheiro sem se preocupar com a população”, denunciou.
A Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (Anadef) também se manifestou. “Como servidores públicos que são, os defensores prestam um serviço de qualidade a milhões de brasileiros que necessitam de assistência jurídica gratuita”, afirmou a entidade, em nota.
“Parasita é o sistema financeiro, protegido pelo ministro da Economia, que escraviza o povo brasileiro em benefício de meia dúzia de banqueiros”, afirmou o presidente do Sindilegis, Petrus Elesbão em nota. O sindicato diz já ter acionado seu corpo jurídico para avaliar as medidas judiciais cabíveis contra os insultos do ministro.
Não há nada mais próximo do parasitismo do que a trajetória de vida de Paulo Guedes. Um conhecido golpista do setor financeiro. Foi sócio-fundador do BTG Pactual e é sócio ou membro do conselho de meia dúzia de fundos especulativos, alguns disfarçados por nomes como “GAEC Educação S.A.”, que controla oito universidades privadas no país, sob o nome-fantasia de “Anima”. Como vemos, não é de graça que este governo ataca tão frontalmente o ensino superior público.
O conhecido bookmaker das rodas financeiras está no governo para cumprir uma missão que é destruir o Estado, vender todo o patrimônio do país, fechar escolas e hospitais, destruir as leis trabalhistas e ganhar muito dinheiro com as negociatas daí advindas.
É um desqualificado desse quilate, que nunca construiu nada, que vive de dar golpes nas poupanças dos incautos, que se acha no direito de chamar milhares de servidores de parasitas. Vejamos um pequeno flash da folha corrida do parasita que está destruindo o país.
A Polícia Federal (PF) instaurou em 2018 um inquérito para investigar os “negócios” de Paulo Guedes. Chamou a atenção dos investigadores que os quatro fundos de pensão que mais investiram com Paulo Guedes na época investigada, Previ, Petros, Funcef e Postalis, viraram alvos de investigações.
De acordo com o Ministério Público, depois de receber os recursos dos fundos de pensão, o Fundo BR Educacional investiu o dinheiro de seus cotistas em apenas uma empresa, a HSM Educacional S/A, controlada por Paulo Guedes. Com o investimento dos fundos, a HSM Educacional comprou 100% do capital de outra empresa criada por Paulo Guedes, a HSM do Brasil S/A.
E os investigadores registraram: “Nos chamou a atenção o ágio de 16,5 milhões de reais pago pelas ações da HSM do Brasil, conforme registrado nas demonstrações contábeis”. Segundo os investigadores, depois dos investimentos dos fundos de pensão, as atividades operacionais da HSM do Brasil S/A apresentaram prejuízos recorrentes.
A suspeita é que os investimentos dos fundos de pensão tenham sido aprovados sem uma análise adequada e tenham gerado lucros excessivos a Paulo Guedes. Por isso, os procuradores querem saber como os fundos de pensão decidiram investir na empresa de Guedes e como foi aplicado esse dinheiro.
Paulo Guedes é apontado pela Justiça como um dos beneficiários de fraude que causou prejuízos à fundação responsável pela gestão da aposentadoria dos funcionários do BNDES, a Fapes. Em decisão proferida no dia 3 de julho de 2018, o juiz Tiago Pereira, da Quinta Vara Criminal Federal do Rio, cita Guedes na lista de clientes da corretora Dimarco que obtiveram ganhos atípicos no período em que as fraudes ocorreram.
Segundo o juiz, entre janeiro de 2004 e setembro de 2005, eles manipularam ordens de negociação de títulos na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros, hoje parte da B3, que gere a bolsa de São Paulo) para lesar a Fapes e favorecer um pequeno grupo de clientes.
As operações deram à fundação prejuízo de R$ 12,8 milhões no período investigado, enquanto os clientes tiveram lucro de R$ 5,85 milhões. A GPG, corretora de Guedes e sua esposa, Maria Cristina Bolívar Guedes, lucrou R$ 596 mil.
É um elemento com essas credenciais, ou seja, um especulador, um golpista do mercado, que Bolsonaro colocou em seu ministério para fazer a única coisa que ele sabe fazer: negociatas e roubalheiras.
Está vendendo o Brasil a troco de gorjetas de grandes grupos estrangeiros. Está sufocando o Brasil com cortes em todas as áreas para garantir que os bancos e especuladores continuem sugando o país, recebendo religiosamente seus juros e batendo recordes de lucros.
Em 2019, segundo dados do Banco Central,o governo pagou aos bancos, só de juros da dívida, R$ 367,3 bilhões. Guedes cortou verbas em quase todos os setores sociais, 16% a menos na execução orçamentária da Educação, 6% a menos na já combalida Saúde Pública, e por aí vai. Tudo para garantir os seus compromissos “sagrados” com aqueles que o colocaram no governo: os bancos.
Para continuar com essa política desastrosa, a bola da vez agora são os servidores públicos que devem poder ser demitidos e empobrecidos.
A encenação de Guedes na palestra no Rio faz parte do desmonte do Estado, que é, no final das contas, a principal bandeira do bolsonarismo.
Como diz o professor de economia da UnB, José Luis Oreiro, depois de atacar os aposentados e os trabalhadores, “a meta agora é empobrecer os servidores públicos”. A agressão gratuita aos servidores é parte deste plano. Ou seja, Bolsonaro ataca o ICMS dos estados, por um lado, e Guedes ataca os servidores federais, por outro. O objetivo dos dois é acabar com todo o serviço público.