O ex-presidente da empreiteira OAS, Léo Pinheiro, afirmou que nunca mudou de versão e que não foi pressionado pelo Ministério Público Federal (MPF) ou pela Polícia Federal (PF) na sua colaboração premiada no caso do tríplex de Guarujá, que condenou Lula à prisão.
“Afirmo categoricamente que nunca mudei ou criei versão, e nunca fui ameaçado ou pressionado pela Polícia Federal ou Ministério Público Federal”, escreveu Leo Pinheiro em carta para o jornal Folha de S. Paulo.
O depoimento do ex-presidente da OAS complementou as provas contra Lula, que cumpre pena de 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo caso do triplex. A OAS foi a responsável pelas reformas no apartamento tríplex.
Independente do depoimento de Leo Pinheiro, a Lava Jato já tinha reunido várias provas contra Lula, como recibos, documentos apreendidos (documento intitulado “Proposta de adesão sujeita à aprovação” e também o “Termo de adesão e compromisso de participação”), fotos, depoimentos de funcionários das empresas envolvidas, (como a Kitchens, que instalou armários, cozinhas e churrasqueiras no tríplex e no sítio de Atibaia) e a reportagem do jornal O Globo (antes da Lava Jato), em 10/03/2010, dizendo que o triplex era de Lula e que não foi desmentida, pelo contrário, foi confirmada pela Presidência.
A delação de Leo Pinheiro só confirmou as provas obtidas e detalhou as denúncias.
Na carta, Leo Pinheiro ressalta: “A minha opção pela colaboração premiada se deu em meados de 2016, quando estava em liberdade e não preso pela Operação Lava Jato. Assim, não optei pela delação por pressão das autoridades, mas sim como uma forma de passar a limpo erros”. Ele já havia sido condenado a 16 anos de prisão por ter pago propina a dirigentes da Petrobrás.
Segundo matéria do jornal, baseada em conversas divulgadas pelo site The Intercept, os procuradores do MPF só aceitaram a colaboração do empreiteiro após ele mudar a versão sobre as reformas do tríplex e acusar Lula.
“A primeira vez que fui ouvido por uma autoridade sobre o caso denominado como tríplex foi no dia 20 de abril de 2017, perante o juiz federal Sergio Moro”, diz Pinheiro na carta.
“O apartamento nunca tinha sido colocado à venda porque o ex-presidente Lula era seu real proprietário”, escreveu, relembrando o que afirmou a Moro no depoimento. “Preciso dizer que as reformas não foram um presente”, reafirma.
Leo Pinheiro diz ainda que seu “compromisso com a verdade é irrestrito e total”. “Não sou mentiroso nem vítima de coação alguma”, afirma.
Lula foi condenado pela propina do triplex pelo então juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara federal de Curitiba, pelos três juízes da 8ª Turma do Tribunal Federal Regional da 4ª Região (Porto Alegre) e teve sua condenação confirmada recentemente pela unanimidade dos ministros (quatro) da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A carta de Leo Pinheiro provocou reações, principalmente na defesa de Lula que afirmou: “A carta encaminhada por Léo Pinheiro ao jornal Folha de S. Paulo, publicada nesta data (04/07/2019), é incompatível com os diálogos de procuradores da Lava Jato divulgados pelo próprio jornal e pelo ‘The Intercept’ em 30/06/2019 e em momento algum abala o que sempre foi demonstrado pela defesa do ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva: na prisão, Pinheiro fabricou uma versão para incriminar Lula em troca de benefícios negociados com procuradores”.
A carta com o desmentido de Leo Pinheiro abalou mais pessoas. O senador Jaques Wagner (PT-BA) insinuou que Leo Pinheiro foi ameaçado para escrever a carta. O senador ainda se disse arrependido de ter contribuído para a formatação da lei que instituiu a delação premiada, sancionada no governo de Dilma Rousseff. “Hoje, sou obrigado a dizer que me arrependo de ter contribuído, porque nós não fomos, na minha opinião, no detalhe”, disse. Não comentou que “detalhe” deveria ser especificado na lei.
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Como é que um cara que se chama JOSÉ ALDEMARIO passa a vida toda usando um nome falso de LÉO PINHEIRO pra fazer negociatas e distribuir propina para o PODER JUDICIÁRIO ainda tem a coragem de dizer que não mentiu !?
Ô, leitor, essa é uma prova a favor dele: no Brasil existem milhões de pessoas que não são tratadas pelo próprio nome, ou porque não gostam dele, ou porque outros passaram a chamá-las por outro nome e isso virou hábito, etc., etc. Isso não as torna mentirosas por causa disso. Além do que, nesse caso, todo mundo, inclusive o Lula, sabia que “Leo” era um pseudônimo.