O ex-ministro Jaques Wagner (PT) afirmou, na terça-fera (21), que não adianta querer vestir Fernando Haddad de Lula “porque ele não é Lula”. Candidato ao Senado pela Bahia, durante visita da caravana petista ao Estado ele também reforçou a tese de que o partido deve defender uma ideia, pois as pessoas “vão votar num projeto”.
“Não adianta querer vesti-lo (Haddad) de Lula. Ele não é o Lula, como a Dilma não era. Cada um tem o seu jeito. As pessoas dizem: ‘Você seria melhor’ (como plano B). É que meu jeito é mais parecido (com o de Lula). Mas não sei se é bom ser igual. Acho bom que seja alguém diferente, que aposte na renovação. Nós não podemos ficar reféns de um jeito. A gente tem que defender uma ideia”, disse Wagner.
Oficialmente, o ex-prefeito de São Paulo é candidato a vice na chapa presidencial do PT, que tem o ex-presidente como candidato ao Planalto. Porém, Haddad será oficializado com presidenciável do partido quando Lula, preso em Curitiba – condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro – for declarado impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa.
O ex-governador da Bahia também era cotado para ser vice na chapa petista e, consequentemente, ocupar o posto de candidato ao Palácio do Planalto após a declaração da inelegibilidade de Lula. Mas esta alternativa não prosperou.
Desconhecido no principal reduto petista, Haddad desembarcou em Salvador com a missão de divulgar sua imagem em importantes colégios eleitorais do Nordeste. O que não tem sido tarefa fácil. Em sua primeira agenda de rua, amargou o desconhecimento de eleitores e praticamente não teve seu nome divulgado durante caminhada ao lado do governador Rui Costa, que disputa a reeleição, pelas ruas do bairro do Curuzu.
O jornal “Valor” chegou a dizer que Haddad tem sido chamado de “Andrade” por alguns baianos. Na atividade de campanha na Bahia, a manicure Rosana Fernandes Dantas, de 49 anos, aguardava ao lado de amigas a chegada dos políticos próximo ao prédio do bloco de carnaval Ilê Aye, ponto de encontro divulgado pelos organizadores.
“Não conheço, não”, respondeu, ao ser questionada se conhecia Haddad. Segundo matéria do jornal “O Globo”, ao ouvir a citação ao nome do candidato a vice, a desempregada Daniele Pereira, de 22 anos, perguntou: “Qual o nome desse aí mesmo?”.
A caminhada se deu em ritmo intenso, quase de corrida. No final do percurso, numa rua comercial, o motorista Manoel de Jesus Moreira, 58 anos, acompanhava a passagem dos políticos da calçada e reconheceu saber pouco sobre Haddad. “Aquele ali do lado do Rui? É o vice do Lula, né? Como é mesmo o nome dele?”, indagou.
Haddad tentou demonstrar que não é desconhecido na região: “Eu não estou sendo apresentado ao Nordeste agora. Eu vim muito ao Nordeste. A gente vinha trabalhar aqui. Eu fui seis vezes, por exemplo, ao Piauí”.