O general Carlos Alberto Santos Cruz, um dos militares mais respeitados do Brasil, e ex-ministro da Secretaria de Governo , criticou, em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta sexta-feira (27), o comportamento irresponsável de Jair Bolsonaro diante da grave crise criada pela expansão da pandemia de coronavírus no Brasil.
O presidente lançou uma campanha contra as orientações médicas de isolamento social do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), e está insuflando a população a desobedecer essas orientações sanitárias e voltar a se aglomerar nas ruas.
O general Santos Cruz condenou a atitude de Bolsonaro de sabotar o esforço nacional e internacional de combate à pandemia do Covid-19.
“O combate à expansão do coronavírus não pode ser feito por força de agitação social. Botando gente na rua ou em carreata. A análise técnica cabe ao Ministério da Saúde e é a partir dela que deve se dar a coordenação interministerial”, diz Santos Cruz.
O militar se referiu às carreatas que os bolsonaristas estão realizando em alguma localidades, estimuladas pelo Planalto, chamando a população para se aglomerarem nas ruas.
O general também criticou o pronunciamento feito por Jair Bolsonaro na noite do domingo (22/03) onde ele defendeu abertamente o desrespeito às orientação das autoridades de saúde e atacou os governadores.
“Não foi um pronunciamento objetivo. O discurso do líder tem que ter uma base técnica. Não pode simplesmente achar. A população fica esperando uma diretriz. Se isso não acontece você só transmite insegurança”, afirmou o general.
Santos Cruz elogiou o Ministro da Saúde Luiz, Henrique Mandetta e comparou a fala de Bolsonaro com a do comandante do Exército, general Edson Leal Pujol. Este último foi também elogiado por seu colega de farda.
“O pronunciamento do comandante Pujol seguiu a diretriz do Ministério da Saúde. É a instância que hoje representa a visão técnica do governo no combate à pandemia. O general é extremamente responsável. Tem sob suas diretrizes 200 mil pessoas, além dos pensionistas e a família militar. Estava falando para esse público”, observou Cruz.