
Vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB) disse que Judiciário e tarifas são coisas diferentes. “Não há nenhuma relação entre questões do Poder Judiciário e tarifas”, declarou Alckmin
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou nesta quinta-feira (17), que “são coisas que não têm nenhum nexo” Donald Trump sobretaxar o Brasil, criticando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Não há nenhuma relação entre questões do Poder Judiciário e tarifas. São coisas que não têm nenhum nexo”, declarou o vice-presidente ao ser questionado sobre uma carta de Trump para Bolsonaro.
“Uma coisa é a questão do Poder Judiciário, e é importante destacar que a separação dos Poderes é pedra basilar do Estado democrático, do Estado de Direito”, disse Alckmin.
“Não pode interferir num outro poder, é um poder totalmente independente. Isso é no Brasil, isso é nos Estados Unidos, em todos os países democráticos. Outra coisa é a tarifa, que é comércio, e no comércio se busca a solução”, acrescentou.
AGUARDANDO
Alckmin também disse que o governo brasileiro segue aguardando resposta dos Estados Unidos à carta enviada à USTR (United States Trade Representative).
A USTR é o escritório de representação comercial dos Estados Unidos, sobre a taxação de 50% de produtos brasileiros.
“Estamos aguardando, faz 24 horas, a [resposta] à carta que enviamos à USTR, nos Estados Unidos, sobre essa questão Brasil-Estados Unidos e das tarifas”, disse o vice-presidente aos jornalistas ao deixar a sede do MDIC.
Além das agendas que estavam inicialmente previstas, Alckmin destacou encontro que teve com o embaixador Guilherme Patriota, que é o representante do Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio) e em outras organizações econômicas em Genebra, na Suíça.
“Nós queremos até ampliar o comércio, podemos ter meta de ampliação ainda mais ambiciosa do comércio Brasil-Estados Unidos”, finalizou.
CARTA SOBRE TARIFAS DOS EUA
“No contexto do anúncio por parte do governo estadunidense de a imposição de tarifas contra exportações de produtos brasileiros para os EUA, Alckmin e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviaram, na última terça-feira (15), carta ao secretário de Comércio dos EUA Howard Lutnick e ao representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, nos seguintes termos:
1. Manifestação, por parte do governo, de indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1º de agosto.
2. Desde antes do anúncio das tarifas recíprocas, em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos.
3. Com esse mesmo espírito, o governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.
4. Governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à proposta.
5. Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira.”