“O mercado continua livre e cada um compra, importa, com as dificuldades e facilidades que tem”, acrescentou, esvaziando a chantagem de desabastecimento feita pelos importadores
O presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, afirmou, nesta quinta-feira (28), em entrevista à Agência Reuters, que a petroleira estatal brasileira pode importar diesel quando ela quiser, em caso de necessidade, e “quando fizer sentido para a companhia”. “Nós não trabalhamos com a possibilidade de faltar combustíveis no Brasil”, disse.
“O mercado continua livre e cada um compra, importa, com as dificuldades e facilidades que tem”, destacou Prates, ao ser questionado sobre as medidas que a empresa poderá tomar após a restrição de exportações da Rússia, anunciada recentemente.
A Rússia se tornou neste ano a principal fornecedora externa de diesel ao Brasil, tomando o lugar dos norte-americanos, ao ofertar o combustível por preços mais baixos do que os fornecedores mais tradicionais.
“Nós temos condições mais competitivas do que qualquer um para importar combustíveis, então nós vamos fazer as importações para atender os nossos contratos e eventualmente uma ou outra cota a mais que seja necessária, e que a gente veja oportunidade para entrar em um mercado novo ou em um cliente novo e que seja bom para nós”, acrescentou o dirigente da petroleira.
O cenário ocorre também em momento em que os preços do petróleo seguem em alta, elevando a defasagem dos preços praticados pela Petrobrás. A empresa brasileira tem custos de produção baixos e pode praticar preços mais justos para o consumidor local.
A Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), que representa o cartel dos importadores, usa a ameaça de desabastecimento como forma de chantagear o governo para obrigar a Petrobrás a aumentar os preços de seus derivados. Desde que assumiu, Prates vem anunciando que não manteria esses privilégios ao cartel dos importadores.
O último reajuste em preços de gasolina e diesel feito pela companhia – principal produtora de combustíveis no Brasil – ocorreu em meados de agosto. “Os modelos, por enquanto, estão indicando que é possível manter no mesmo patamar sem haver absolutamente nenhum risco para a rentabilidade da empresa”, afirmou Prates. O presidente da petroleira disse ainda que a companhia está operando atualmente com fator de utilização das refinarias em 94%.
O presidente da Petrobrás anunciou que a estatal assinará um memorando de entendimento com a mineradora Vale ainda nesta semana para estudar potenciais oportunidades de investimento conjunto em energias renováveis.
“A Vale é um consumidor (de energia) e provavelmente um grande interessado em produção de hidrogênio, tem algumas atividades em transição energética que são interessantes, tem participação em algumas áreas de geração de energia, então o que a gente vai começar a fazer é se entender”, declarou, dizendo que ambas as empresas vão buscar sinergias.