Flávio Dino creditou o sucesso das operações à atuação da PF e anunciou que mais 50 prisões serão feitas nesta terça-feira (10). O delegado Andrei Rodrigues, novo chefe do órgão, disse que a instituição cumprirá suas missões, entre elas a defesa da democracia
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou nesta terça-feira (10), durante a posse do delegado Andrei Rodrigues na direção da Polícia Federal, que as instituições punirão todos os responsáveis pelos atos de terrorismo deflagrados na Esplanada dos Ministérios, no último domingo (8), por hordas bolsonaristas.
“Dentro da legalidade, as instituições irão punir todos os responsáveis, todos. Aqueles que praticaram os atos, aqueles que planejaram os atos, aqueles que financiaram os atos e aqueles que incentivaram, por ação ou omissão. Porque a democracia irá prevalecer”, declarou Moraes.
“Nós temos que combater firmemente o terrorismo. Temos que combater firmemente as pessoas antidemocráticas, pessoas que querem dar o golpe, pessoas que querem o regime de exceção. Não é possível conversar com essas pessoas de forma civilizada. Elas não são civilizadas [aplausos]. Basta ver o que fizeram no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e com muito mais raiva e ódio no Supremo Tribunal Federal”, prosseguiu o magistrado.
“Mas as instituições não são feitas só de mármore e cadeiras. São feitas de pessoas, de coragem, de cumprimento da lei. Não achem esses terroristas que até domingo faziam badernas e crimes e que agora reclamam que estão presos querendo que a prisão seja uma colônia de férias, não achem que as instituições irão fraquejar”, continuou Moraes.
O ministro classificou a PF como um “órgão competentíssimo que, ano após ano, vem ganhando o respeito da população”. Moraes também afirmou que a operação que desmobilizou o acampamento bolsonarista em frente ao quartel-general do Exército em Brasília, na segunda (9), foi “necessária para garantir a democracia, para mostrar que não há apaziguamento nas instituições brasileiras”.
Ele lembrou que “se o apaziguamento tivesse dado certo, não teríamos tido a Segunda Guerra Mundial. A ideia de apaziguamento é por covardia ou por interesses próprios. Temos que combater firmemente o terrorismo, as pessoas antidemocráticas, as pessoas que querem dar o golpe, que querem o regime de exceção”.
O termo “apaziguamento” é usado, na história mundial, para se referir à tentativa de governos europeus de negociar e aliviar tensões com a Alemanha nazista de Hitler, nos anos 1930, com o intuito de empurrar Hitler contra a URSS. A estratégia de não isolar ou enfrentar o regime de Hitler se provou errada e resultou na Segunda Guerra Mundial.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), saudou o novo diretor da PF e reafirmou que a tentativa de golpe foi debelada com sucesso. Ele disse à GloboNews que a Polícia Federal pedirá à Justiça nesta terça-feira (10) a prisão de 50 envolvidos nos atos terroristas vistos em Brasília no último domingo (8). “Alguns mandados já serão cumpridos hoje e, nos próximos dias, haverá outros”, adiantou o ministro.
Segundo Dino, os alvos são vândalos que depredaram as sedes dos Três Poderes e que conseguiram fugir e, portanto, escaparam da prisão em flagrante. Além disso, os pedidos de prisão atingem também financiadores e organizadores dos atos terroristas.
O delegado Andrei Augusto Passos Rodrigues discursou e fez elogios ao ministro do STF. “O STF e o TSE, com olhar atento e ação firme, desempenharam papel essencial para a história do país, atuando de forma enérgica e à altura dos riscos envolvidos”, disse o novo diretor.
“E não posso deixar de fazer menção ao ministro Alexandre de Moraes que, com muita coragem e determinação, tem sido um grande defensor da democracia neste país”, acrescentou o novo diretor-geral da PF, que também criticou os ataques à democracia. “Aqueles que praticarem crimes ou se omitirem, quando deveriam agir, serão responsabilizados. A Polícia Federal, no limite de suas responsabilidades, não irá tolerar ataques à democracia”, afirmou o delegado.
Além do ministro da Justiça, Flávio Dino, prestigiaram a posse do diretor-geral da Polícia Federal o Presidente do TSE, Alexandre de Moraes; a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; o ministro do Trabalho, Luiz Marinho; a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos; o Advogado-geral da União, Jorge Rodrigo Araújo Messias e o líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Andrei Rodrigues é formado em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (RS); Mestre em segurança internacional pelo Centro Universitário da Guardia Civil da Espanha e Universidade Carlos III de Madrid; Policial federal há 20 anos; coordenou a Secretaria para Grandes Eventos, responsável pela Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016; e comandou a Divisão de Relações Internacionais da PF, em Brasília.