“É um atentado à democracia, uma tentativa de calar quem lhe faz oposição”, diz Zohran Mamdani ao responder a ameaças de Trump de prender e deportar o candidato dos democratas a prefeito de Nova Iorque
“O presidente dos Estados Unidos acaba de ameaçar me prender, retirar minha cidadania, me colocar em um campo de detenção e me deportar. Não porque eu tenha infringido alguma lei, mas porque me recuso a deixar o ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA, na sigla em inglês de Immigration and Customs Enforcement), aterrorizar nossa cidade”, disse o candidato democrata à prefeitura de Nova York, Zohran Mamdani, sobre as ameaças feitas por Donald Trump.
“Suas declarações são um ataque à nossa democracia e uma tentativa de calar quem se recusa a viver nas sombras”, denunciou.
Em entrevista à ABC News, avaliando que deve ser alvo constante de ataques no futuro, o candidato declarou que “não é a primeira vez que Trump comenta sobre mim, e eu o encorajo — assim como a todo nova-iorquino — a se informar sobre minhas propostas para tornar a cidade mais acessível”.
O atual deputado estadual em Nova York destacou que Trump ainda não cumpriu sua promessa de campanha de baixar os preços, uma questão que disse estar disposto a discutir, caso o ex-presidente adote uma postura mais colaborativa. Entre suas propostas, Mamdani defende ações que envolvem criar uma rede de mercados municipais controlados pela prefeitura para combater os altos custos de alimentos na cidade.
TRAJETÓRIA DE TRABALHOS SOCIAIS E POLÍTICOS
O candidato democrata assinalou que além das questões econômicas também pretende questionar Trump sobre as políticas de deportação em massa e perseguição a grupos vulneráveis. “Se ele continuar a focar na perseguição de opositores políticos, na tentativa de deter e desaparecer moradores de Nova York com base na documentação, eu lutarei contra isso reiteradamente”, afirmou.
Também criticou o atual prefeito Eric Adams, que busca reeleição como independente e foi elogiado por Trump durante sua entrevista, tendo instruído o Departamento de Justiça a retirar acusações de corrupção contra ele, gerando suspeitas de troca de favores. “Enquanto os republicanos do MAGA (sigla de campanha de Trump, a promessa não cumprida de “Fazer a América Gande Novamente”), tentam destruir a rede de proteção social e beneficiar bilionários às custas das famílias trabalhadoras, a cidade de Nova York precisa de uma liderança que enfrente o autoritarismo, não que se alie a ele”, declarou o candidato democrata.
Nascido em Kampala, Uganda, filho de um pai indiano-ugandense professor da Universidade de Columbia, e de uma mãe indiana cineasta, Mamdani mudou-se para a cidade de Nova York aos sete anos de idade, naturalizando-se cidadão americano em 2018.
Durante a escola, o candidato teve uma longa trajetória de trabalhos sociais e organização política, sendo co-fundador do movimento Estudantes pela Justiça na Palestina em sua universidade.
Antes de assumir como deputado estadual em 2021, Mamdani trabalhou como um conselheiro de prevenção a despejos, ajudando proprietários de baixa renda, principalmente de famílias de negros, no Queens, a permanecerem em suas casas.
TRUMP INVENTA ACUSAÇÕES
O presidente Donald Trump, nascido em Nova York, ameaçou cortar todos os subsídios federais de Nova York – um total de US$ 100 bilhões – caso Mamdani “não se comporte”.
Respondendo a pergunta de um jornalista que rotulou o candidato democrata como “comunista” e mencionou sua promessa de não cooperar com o trabalho que vem sendo feito pela ICE, Trump disparou: “Então teremos que prendê-lo. Olha, não precisamos de um comunista neste país.”
Na sequência, afirmou que o governo está “observando Mamdani com muita atenção” e sugeriu, sem nenhum tipo de provas, que ele poderia estar ilegalmente no país.
“Muitas pessoas estão dizendo que ele está aqui ilegalmente… Vamos investigar tudo”, disse.
O ex-governador de Nova York, Andrew Cuomo, que era considerado favorito na disputa à candidatura, anunciou que desistiu da corrida após perceber que Mamdani tinha uma vantagem significativa. Cuomo declarou ao desistir de uma corrida em segunda rodada que “Mamdani tocou o coração dos jovens”.
