
“Ficar em silêncio é ser cúmplice”, disse Karolina Ziulkoski, curadora da YIVO Institute for Jewish Research
A curadora brasileira Karolina Ziulkoski foi demitida e expulsa, com “escolta” de seguranças, da exposição que preparou para a organização YIVO Institute for Jewish Research depois de dizer que “há um genocídio acontecendo agora na Palestina”.
As informações são de Jamil Chade, do UOL.
Karolina participou, na quinta-feira (5), de um painel sobre a exposição acerca dos diários de Itskhok Rudashevski, jovem judeu lituâno que relatou os crimes da Alemanha nazista durante a ocupação da Lituânia.
Ao encerrar sua participação, disse, enfatizando que falava “por mim mesma”: “A coragem moral de Rudashevski realmente me inspirou. Acredito que a melhor maneira de honrar sua memória e a de todos os que morreram no Holocausto é falar contra o genocídio. E há um genocídio acontecendo agora na Palestina”.
“Assim como Rudashevski merecia viver, todos os palestinos também merecem. A paz não pode ser alcançada por meio da violência e da negação dos direitos humanos básicos a um grupo de pessoas. Ficar em silêncio é ser cúmplice. Obrigada”, completou.
Logo em seguida, Karolina foi abordada por um segurança que disse que ela deveria se retirar do evento. “Fui escoltada para fora”, relatou.
Ninguém da entidade a procurou para uma conversa e Karolina foi demitida por e-mail, no qual a YIVO disse que ela descredibilizou a instituição, ignorando que ela enfatizou que o comentário sobre Gaza não era em nome da entidade, e não pediu autorização para fazê-lo.
A brasileira trabalhava na instituição desde 2018, quando o YIVO Institute for Jewish Research começou a montar seu museu online.
Itskhok Rudashevski, cuja vida é objeto da exposição produzida por Karolina, começou a escrever seu diário em 1941, aos 14 anos, relatando o deslocamento forçado dos judeus para os guetos, marcado por violência e humilhações. Itskhok foi morto em 1943 no Massacre de Ponary, no qual tropas lituanas colaboraram com os nazistas.