O governo Bolsonaro diminuiu os gastos com campanhas de incentivo a vacinação em 2019 e em 2020 em relação ao último ano do governo de Michel Temer (MDB). Ao longo de 2019, os recursos empenhados nas campanhas de incentivo a imunização encolheram 21% e deste ano 24%.
O dinheiro destinado a divulgação das campanhas estão sendo reduzidos gradativamente desde que Jair Bolsonaro chegou ao poder, política que coincide com as falas negacionistas do presidente, que tem minimizado a importância da vacina contra o novo coronavírus e já declarou que não será imunizado contra a doença.
Dados da execução orçamentária e do próprio governo, divulgados pelo portal UOL, apontam que, de 2018 para o ano passado, a redução dos valores pagos com campanhas de imunização foi de 21%, considerando-se a correção da inflação no período. As despesas caíram de R$ 77 milhões para R$ 60 milhões.
Os valores não se referem ao gasto com compra de imunizantes, mas a campanhas de divulgação nacionais.
Neste ano, até a última terça-feira (22), os valores gastos com as campanhas foram de R$ 45,7 milhões, o que equivale a uma queda 24% em relação ao primeiro ano do governo de Bolsonaro. Esse montante não inclui investimentos previstos para divulgar vacinação da Covid-19, que ainda não têm data para ser realizada no país.
O Ministério da Saúde disse que a queda de gastos em 2019 se deve “à redução orçamentária” da pasta. A justificativa, no entanto, contradiz os dados oficiais. Entre 2015 e 2020, o orçamento passou de R$ 131 bilhões para R$ 160 bilhões pagos (com um ano de queda, em 2017).
Nos últimos anos, mesmo quando o orçamento caiu, os gastos com campanhas de vacinação subiram. Já no governo Bolsonaro, as despesas do ministério subiram, mas os dispêndios com campanhas foram reduzidos.
As coberturas vacinais vêm caindo cada vez mais nos últimos anos e nos dois anos de governo Bolsonaro não atingiram nenhuma meta no calendário infantil.
As últimas metas de imunização para o público infantil atingidas no país, em 2018, foram de 99,72% do público-alvo para a BCG, e de 91,33% para o da vacina contra o rotavírus humano. Para ambas, a meta é superar os 90%, patamar que não foi atingido em 2019, apesar de terem continuado acima dos 80%. Já até 2 de outubro de 2020, a taxa de imunização do público-alvo da BCG chegou a 63,88%, e a vacina contra o rotavírus, a 68,46%.
A maior cobertura atingida no calendário infantil até outubro de 2020 foi na vacina Pneumocócica, com 71,98%. No ano passado, essa mesma vacina chegou a 88,59% do público-alvo. Entre as 15 vacinas do calendário infantil, o que inclui a segunda dose da Tríplice Viral, metade não bate as metas desde 2015, o que inclui a vacina contra poliomielite.