A 7ª rodada de negociações de Astana (capital do Cazaquistão) pelo fim do conflito na Síria, aconteceu entre os dias 29 e 31. A cada rodada houve pequenos, mas significativos avanços que corresponderam às vitórias militares sobre mercenários recrutados, treinados, armados e financiados pelos Estados Unidos, Arábia Sadita, Qatar.
Um dos principais avanços nas negociações foi obtido com a concordância de vários destes grupos em participar dos encontros. As principais exceções são os cortadores de cabeças do Daesh (que se autodenominam Estado Islâmicos) e dos comedores de fígado de adversários, Jabhar Al Nusra. Estes últimos sofreram fragorosa derrota em Alepo e os do Daesh foram derrotados pelo Exército Sírio em Deir Ezzor e desalojados de seu centro de operações, Raqqa, debaixo de um bombardeio indiscriminado norte-americano que se configurou em uma tragédia humanitária, matou mais de 3 mil sírios e desalojou 350 mil de seus lares.
Na 6ª rodada, ocorrida em setembro, os ‘opositores armados’ concordaram em estabelecer cessar-fogo com o exército sírio em quatro regiões nas quais ainda detém algum nível de entrincheiramento e que foram denominadas zonas de desescalada.
A distensão com estas forças permitiu a concentração do fogo sobre os maiores e mais destrutivos bandos, o que levou a vitórias importantes em Hama, Sweida, Gouta Oriental (das ocupadas pelos mercenários, a mais próxima a Damasco), a retomada da histórica Palmira, além das já citadas Alepo e Deir Ezzor. A distenção também possibilitou o início do retorno dos sírios que se refugiaram nos países vizinhos (Líbano, Turquia e Jordânia) a seus lares. Desde setembro já voltaram 660 mil.
No último dia da rodada mais recente em Astana participaram de uma reunião plenária, além da delegação síria, representantes dos grupos opositores, e os três países que foram fiadores do cessar-fogo estabelecido na 6ª rodada: Rússia, Irã e Turquia.
Das negociações também participaram, na qualidade de observadores, representantes dos Estados Unidos, Jordânia e ONU.
Na 7ª rodada as negociações serviram para avaliar o andamento e as quebras do cessar-fogo, e a criação de um grupo de trabalho para tramitar a libertação de prisioneiros e reféns, a entrega dos corpos de soldados caídos em combate e a busca de desaparecidos, além das discussões sobre os avanços para uma solução política que preserve a independência, integralidade e soberania síria sobre o território nacional.
O chefe da delegação russa, Aleksander Lavrentiev, celebrou o fato de que “em geral os maiores objetivos da operação militar russa na Síria já estão quase alcançados” e que, acrescentou, “até o final do ano esperamos que as forças governamentais sírias tenham restaurado o controle sobre a fronteira leste e que o Daesh não mais exista enquanto estrutura militar organizada”. A fronteira leste é a que fica próxima as cidades de Deir Ezzor, Raqqa e Hasaka, região onde até há pouco estava sobre o domínio dos terroristas do Daesh.