“Um pedido formal de desculpas por parte do Equador é um primeiro passo na direção correta”, cobrou o presidente, na Celac
O presidente Lula voltou a criticar, nesta terça-feira (16), a invasão da Embaixada do México em Quito, no Equador, por policiais armados equatorianos no início do mês. “Medida dessa natureza nunca havia ocorrido, nem nos piores momentos de desunião e desentendimento registrados na América Latina e no Caribe. Nem mesmo nos sombrios tempos das ditaduras militares em nosso continente”, declarou Lula.
O presidente brasileiro cobrou que o Equador peça desculpas formais ao México e que os países da região atuem “para que episódios como este nunca mais voltem a ocorrer”. “O que aconteceu em Quito, no último dia 5, é simplesmente inaceitável e não afeta só o México. Diz respeito a todos nós. Um pedido formal de desculpas por parte do Equador é um primeiro passo na direção correta”, disse.
Lula ainda destacou que é importante que os países da Celac auxiliem na resolução da crise, sem a intervenção de nações de fora da região. “Nosso desafio agora é o de encontrar caminhos para a reconstrução da confiança e do diálogo”, declarou.
O presidente brasileiro discursou em uma cúpula virtual da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) convocada para debater o episódio. Após a invasão da embaixada, o presidente do Equador, Daniel Noboa, publicou em uma rede social que tomou uma decisão excepcional para ‘proteger a segurança nacional e a dignidade de um povo que rejeita qualquer tipo de impunidade’.
No dia 5 de abril, um grupo de policiais equatorianos foi até a embaixada do México, em Quito, para prender Jorge Glas, ex-vice-presidente do Equador condenado a seis anos de prisão por corrupção. Glas recebeu asilo político do México e estava na embaixada desde dezembro 2023. Ele alega ser vítima de uma perseguição da Procuradoria-Geral do Equador.
De acordo com a Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas, de 1961, os locais de missões de um país dentro de um outro — como embaixadas e consulados — são considerados invioláveis.
Equador e México aderiram à regra na década de 1960. Segundo o tratado, a entrada de agentes de estado dentro desses locais depende da autorização do chefe da missão estrangeira. Ou seja, no caso do Equador, a polícia deveria solicitar permissão ao embaixador mexicano para ingressar no local.
Após o episódio, o governo mexicano anunciou que suspendeu as relações diplomáticas com o Equador e retirou embaixadores. Também apresentou denúncia no Tribunal Internacional de Haia, pedindo que o país seja suspenso da ONU.