“Está comprovado que, em plena pandemia, não há nenhuma solução mágica para imunizar [a população] a não ser a vacina”, enfatizou
“Senador Renan [Calheiros (MDB-AL), relator da CPI], eu ontem [segunda-feira (4)], assistindo à TV e lendo, saiu [foi veiculado] que dois [norte-] americanos, um libanês e naturalizado americano, ganharam o Prêmio Nobel de Medicina”, comentou o presidente da CPI da Covid-19 no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), durante oitiva, da terça-feira (5), do sócio da VTCLog, Raimundo Nonato Brasil.
Também depôs à CPI, Andreia Lima. Raimundo Nonato e Lima são, respectivamente, sócio e CEO da empresa de logística VTCLog, que presta serviços de logística ao Ministério da Saúde.
“Pensei que o pessoal que estava concorrendo do Brasil, que prescreveu cloroquina, induziu o povo a tomar cloroquina… Nenhum deles foi citado sequer”, observou Aziz, em tom irônico.
“Pensei que alguém ia, porque uma pessoa que descobre essa fórmula mágica de salvar pessoas em plena pandemia, com certeza não ganharia só o Prêmio Nobel de Medicina, iria ganhar muito mais coisa”, acrescentou.
“Então, está comprovado que, em plena pandemia, não há nenhuma solução mágica para imunizar [a população] a não ser a vacina”, asseverou.
“A vacina está ainda como a grande salvação da população mundial e principalmente da população brasileira para imunização”, enfatizou o presidente da CPI.
Pelo menos 30 pessoas serão indiciadas pela CPI, inclusive Bolsonaro, informa o presidente da CPI
O depoimento de um dos sócios da VTCLog, Raimundo Nonato Brasil, deve ser o penúltimo da CPI da Covid-19, cuja previsão de realizar a leitura do relatório final está prevista para dia 19 de outubro.
Na quarta-feira (6), a comissão toma o depoimento do diretor-presidente da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), Paulo Roberto Rebello Filho. Rebello foi também chefe de gabinete do Ministério da Saúde entre 2016 e 2018, na gestão do deputado Ricardo Barros (PP-PR), que é investigado pela CPI.
A convocação do presidente da ANS foi requerida pelo vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e tem a ver com as denúncias de más práticas médicas pela operadora de saúde Prevent Senior. Antes de ser diretor-presidente da ANS, Rebello comandava a diretoria de Normas e Habilitação das Operadoras.
INDICIAMENTOS PELA CPI
O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse que a expectativa é de que seja proposto o indiciamento de pelo menos 30 pessoas.
Ao todo, a lista de investigados do relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), soma 32 pessoas, incluindo mandatários, os chamados políticos, médicos e empresários.
O parecer final deve ser apresentado e lido dia 19 de outubro, depois de cerimônia em frente ao Congresso Nacional em homenagem às vítimas do novo coronavírus.
Renan disse que o número final de pessoas que podem ser indiciadas não foi fechado, mas salientou que vai enviar à PGR (Procuradoria-Geral da República) apenas os nomes que tiverem prerrogativa de foro.
A ideia é enviar os demais pedidos de indiciamento para ministérios públicos estaduais, procuradorias-gerais dos Estados, tribunais de contas e assembleias legislativas.
BOLSONARO E PAZUELLO
Na cúpula da CPI, os nomes do presidente Jair Bolsonaro e do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello são dados como certos para solicitações de indiciamento no parecer final.
Randolfe rebate Girão: pesquisa XP revelou em agosto que CPI do Senado tinha 57% de confiança dos brasileiros
“Só, a bem da verdade, vou esclarecer os números. A bem da verdade, só pra esclarecer os números da pesquisa da XP: a rejeição… a aprovação do governo Bolsonaro está em 25%, a aprovação do Congresso Nacional está em 14%, a aprovação do Supremo Tribunal Federal está em 27%, a aprovação desta Comissão Parlamentar de Inquérito está em 57%. São esses os números da pesquisa XP”, disse o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Randolfe desfiou os números acima, da pesquisa XP/Ipespe, em razão de o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) ter colocado, mais uma vez, em xeque o trabalho da comissão. Girão não dispunha dos dados da pesquisa.
Ele criticou, cumprindo o papel dos governistas no colegiado, que foi, ao longo da investigação, desacreditar o trabalho e o resultados que a CPI produziu até então.
A pesquisa que o senador Girão comentou é de agosto.
O aval à CPI, à época, era 28% superior ao índice de aprovação do governo do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o levantamento, 29% dos cidadãos estavam satisfeitos com a gestão federal, ante 63% de desaprovações. 8% dos entrevistados não souberam opinar.
O índice de abstenção sobre a avaliação da comissão de inquérito foi de 12%.
Dos entrevistados, 67% afirmaram, na ocasião, que estavam acompanhando as reuniões da comissão tocada por senadores da República; outros 32% não davam atenção às reuniões do colegiado.
No que tange ao combate à pandemia, as ações de Bolsonaro foram desaprovadas por 59%, que julgaram a gestão federal da crise sanitária como ruim ou péssima. Outros 18% avaliaram os atos como regulares. Impressões boas ou ótimas são 21%.
M. V.