Quando a maioria dos governos da União Europeia são obrigados a retomar medidas sanitárias estritas por conta do aumento dos casos de Covid-19 no continente, pessoas que – apesar do número de mortos – negam a realidade que castiga a população saíram às ruas em vários países para dizer que a pandemia é um logro e as máscaras uma ditadura.
Berlim assistiu à maior dessas manifestações contra as medidas que visam proteger a sociedade, no sábado (29). E também foi a mais violenta, com cerca de 300 elementos neonazistas detidos depois de atacarem a polícia com pedras e garrafas e de outro grupo ter tentado invadir o parlamento alemão, o Reichstag.
Sem máscaras e sem distanciamento social, na verdade contra estas medidas, milhares de manifestantes foram dispersos pela polícia por desrespeitar as regras de prevenção da Covid-19 em vigor na Alemanha.
A Alemanha vive um novo aumento de casos de Covid-19, atualmente com mais de mil contágios por dia. Para dar uma resposta a essa situação, o governo federal e vários governos regionais impuseram novas restrições na semana passada. Na manifestação, os nazistas diziam que se trata de “fake news”.
BANDEIRAS DO REICH
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, denunciou o “ataque ao coração de nossa democracia” e os “excessos da extrema direita”, assim como as bandeiras nazistas do Reich com as cores negra, branca e vermelha que ostentavam muitos manifestantes.
“A imagem insuportável de neonazistas diante do Reichstag não pode se repetir”, disse a ministra de Justiça, Christina Lambrecht em entrevista. O Reichstag (Parlamento), prédio que foi incendiado pelos nazistas em 1933, tem uma importância simbólica forte na Alemanha.
O ministro do Interior, Horst Seehofer, também condenou a ação “inaceitável” contra “o centro simbólico de nossa democracia”.
Já em Londres, na Trafalgar Square, os manifestantes foram em menor quantidade, cerca de mil, mas o discurso foi parecido: exigiu-se o “fim da tirania médica”.
Sob a forma de cartazes ou de gritos de guerra pediram o fim das medidas preventivas tomadas pelo governo de Boris Johnson – que são bem leves – e o fim das campanhas de vacinação em massa. Com 41.588 mortes oficiais (a cifra mais alta da Europa), o Reino Unido registrou, nas últimas 24 horas, 1.108 novos casos de Covid-19 no país, de acordo com dados oficiais divulgados pelas autoridades britânicas.
Em Paris, os protestos desses grupos que negam a pandemia foram os que reuniram, até ao momento, menos apoio. A manifestação contra o uso obrigatório de máscaras, decretado esta semana, juntou entre 200 e 300 franceses que se dizem “a favor da liberdade de escolha”.