
Rejeição à extensão do genocídio é mundial. Alemanha anuncia suspensão de venda de armas a Israel
Na manhã desta sexta-feira (8), Netanyahu anunciou que as tropas israelenses lançarão uma operação de ocupação total de Faixa de Gaza. O anúncio veio após uma noite inteira de discussão do chamado ‘gabinete de segurança”.
Sem perceber o evidente paralelo com a “solução final”, a qual Hitler chamou o extermínio de judeus, Netanyahu chamou a barbárie que anuncia para Gaza de “decisão final”.
Até mesmo o chefe do Estado Maior, Eyal Zamir, do exército israelense se contrapôs ao plano – que significa, na prática, a ordem para estender o genocídio perpetrado por Israel no território palestino – afirmando que isso significa uma sentença de morte para os israelenses detidos nas mãos do Hamas na Faixa de Gaza.
Quando Zamir declarou abertamente sua posição de que a ocupação de Netanyahu significaria uma sentença de morte aos reféns israelenses, teve como resposta “que renuncie”.
Após a declaração de Netanyahu já começam a se aglomerar mais tropas do extermínio israelense na fronteira entre Gaza e Israel e a primeira ação declarada é a invasão massiva da cidade de Gaza, a maior da Faixa, e a expulsão de um milhão de palestinos que ainda conseguiram, até agora, resistir e permancecer na cidade.
À destruição da cidade de Gaza é previsível que siga o ataque devastador a campos improvisados perto das cidades de Nuseirat, Bureij e Deir-el-Balah. Que se juntarão às cidades já reduzidas a escombros de Khan Yunis e a antes dita “zona segura” ao sul da Faixa, Rafah, também arrasada.
Palestinos, incluindo crianças, reuniram forças na cidade de Gaza para realizar manifestação de protesto contra a anunciada invasão pelas tropas de ocupação e extermínio.

No dia 23 de julho, o jornal israelense Haaretz trouxe a informação de que, para acelerar o crime hediondo de destruição de prédios civis, israelenses haviam sido contratados para demolição, recebendo mil shekels (1.500 reais) por casa demolida.
Em meio à ampliação da já hedionda destruição que devastou mais de 60% dos prédios de Gaza (aí incluídos hospitais, escolas e postos de distribuição de alimento) para, junto com o cerco obstruindo a passagem de caminhões com alimentos, matar de fome as crianças palestinas em Gaza.
Assim que foi anunciada a ampliação da devastação pelo criminoso Netanyahu, líderes políticos, artistas, ativistas, acadêmicos e profissionais passaram a protestar contra o macabro anúncio.
Um dos primeiros foi o chanceler alemão Friedrich Merz, que declarou que “a libertação dos reféns e negociações objetivas sobre um cessar-fogo são nossa principal prioridade” e que “a ação militar ainda mais dura do exército israelense na Faixa de Gaza, aprovada ontem à noite pelo Gabinete de Segurança israelense, torna cada vez mais difícil, da perspectiva do governo alemão, ver como esses objetivos serão alcançados. Nessas circunstâncias, o governo alemão não autorizará nenhuma exportação de equipamento militar que possa ser usado na Faixa de Gaza até novo aviso”.
A importância da declaração advém do fato de que os sucessivos governos alemães são os que mais resistem a qualquer crítica a Israel, e o mais recente chegou a proibir manifestações solidárias aos palestinos. A Alemanha é o segundo maior fornecedar de armas aos genocidas israelenses.
DECLARAÇÃO EM REPÚDIO DA AUSTRÁLIA, ALEMANHA, ITÁLIA, NOVA ZELÂNDIA E REINO UNIDO
Assim que a decisão final de Netanyahu foi anunciada os ministros do Exterior de cinco países, Austrália, Alemanha, Itália, Nova Zelândia e Reino Unido, lançaram comunicado conjunto declarando que “os planos de governo que Israel anunciou arriscam a violação de lei humanitária internacional”.
Também repudiaram a medida em suas primeiras horas, os governos da Holanda e Dinamarca condenaram o plano. A China expressou “sérias preocupações” sobre o anúncio israelense e a Turquia exortou a comunidade internacional a “impedir” a implementação do plano de Netanyahu.
Já o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Turk, criticou o plano e disse que ele deve ser “interrompido imediatamente”.
É claro que ainda são passos tímidos destes governos diante da dimensão do crime de genocídio que já assassinou mais de 61 mil palestinos sob tiros, bombas, fome, doenças, sendo uma das formas mais cruéis de matar os palestinos os tiros disparados contra multidões que se acercam de armadilhas mortais disfarçadas de distribuição de alimento aos famintos de Gaza. Mas demonstram que o isolamento do regime de Netanyahu é crescente, incluindo manifestações multitudinárias pelas maiores cidades do Planeta, e ações de boicote a produtos israelenses, com portuários de diversos portos – a exemplo dos mais recentes na Grécia e Itália – mobilizando-se para impedir o carregamento de armas em navios com destino de Israel.
MANIFESTAÇÕES EM TEL AVIV E JERUSALÉM
Manifestantes ocuparam as ruas centrais de Tel Aviv e Jerusalém enfrentando a repressão policial. A organização B’Tselem lançou um relatório intitulado “O nosso genocídio”, o líder da oposição, Yair Lapid, disse que a decisão do gabinete de segurança é “uma catástrofe que trará muitas outras catástrofes”.
No vídeo se pode ver os protestos que eclodiram nas principais cidades de Israel e o choque com a repressão policial aos manifestatnes assim que foi decretada a invasão com a “ocupação total”:
Já o Fórum das Famílias dos reféns israelenses, a principal organização de familiares de reféns que seguem em Gaza, disse que o plano “significa abandonar os reféns, ignorando completamente os repetidos avisos da liderança militar e a vontade clara da maioria da população israelense”.
O editorial desta quinta-feira do jornal Haaretz conclama os israelenses à ação contra os crimes de guerra de Netanyahu, intitulado “O silêncio é rendição”.