Chanceler Mauro Vieira condenou o veto dos EUA à proposta de resolução do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Na ocasião, em 18 de outubro de 2023, eram 3,2 mil mortes de palestinos causadas por Israel. “Hoje, são mais de 31 mil”, advertiu
O ministro de Relações Exteriores, chanceler Mauro Vieira, classificou as ações de Israel em Gaza – neste domingo (17), em passagem pela Cisjordânia – como “ilegais”, “imorais” e “atrocidades”. Ele defendeu um cessar-fogo imediato.
“Eu vim reafirmar, renovar o apoio do Brasil à cessação das hostilidades em Gaza, à libertação dos reféns, à ajuda humanitária, para pôr fim as atrocidades e as mortes e ao sofrimento do povo palestino em Gaza”, declarou Mauro Vieira em entrevista à GloboNews, em Ramallah, na Cisjordânia.
Mauro Vieira se reuniu, neste domingo, com o presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas, com chanceler da Palestina, Riyad al-Maliki, entre outros compromissos.
Segundo Agência Wafa, o presidente Mahmoud Abbas enfatizou a importância de acelerar a entrada de ajuda humanitária, humanitária e médica na Faixa de Gaza.
“O assunto urgente e prioritário para nós é evitar que as forças de ocupação israelenses invadam a cidade de Rafah, para onde mais de 1,5 milhão de palestinos foram deslocados, o que causará uma catástrofe humanitária”, afirmou Abbas no encontro com Vieira.
Abbas expressou seu orgulho nas relações bilaterais entre a Palestina e o Brasil, elogiando as posições do Brasil e do presidente Lula da Silva em apoiar o povo palestino e sua causa em fóruns internacionais.
No encontro com Riyad al-Maliki, o chanceler palestino “descreveu a extrema gravidade da situação humanitária em Gaza”.
O chefe da chancelaria brasileira desembarcou em Ramallah, na Palestina, para giro por países da região, sem incluir Israel. Além da Palestina, ele também vai passar pela Arábia Saudita, Líbano e Jordânia.
MEMBRO PLENO DA ONU
Mauro Vieira assinalou que o Brasil vai liderar uma campanha para que a Palestina seja aceita como Estado-membro da ONU (Organização das Nações Unidas) e não apenas como membro observador.
Vieira representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recebeu homenagem da fundação Yasser Arafat, como membro honorário do grupo.
“ILEGAL E IMORAL”
No discurso de agradecimento, o chanceler brasileiro disse que iria dizer de forma alta e clara que é “ilegal e imoral” Israel impedir as pessoas de ter acesso à comida e água.
“Vou dizer de forma alta e clara: é ilegal e imoral impedir pessoas de ter acesso à comida e água. É ilegal e imoral atacar operações humanitárias e quem está buscando ajuda. É ilegal e imoral impedir os doentes e feridos de assistência de saúde. É ilegal e imoral destruir hospitais, locais sagrados, cemitérios e abrigos”
E, ainda, atacar operações humanitárias e quem está buscando ajuda, impedir os doentes e feridos de assistência à saúde e destruir hospitais, locais sagrados, cemitérios e abrigos.
“Vou dizer de forma alta e clara: é ilegal e imoral impedir pessoas de ter acesso à comida e água. É ilegal e imoral atacar operações humanitárias e quem está buscando ajuda. É ilegal e imoral impedir os doentes e feridos de assistência de saúde. É ilegal e imoral destruir hospitais, locais sagrados, cemitérios e abrigos”, disse o ministro das Relações Exteriores.
ONU RECONHECE PALESTINA
Ainda no discurso, Vieira lembrou que a ONU, 75 anos atrás, reconheceu a Palestina como Estado e que, portanto, não há razão para que até hoje não seja membro pleno da Organização.
O chanceler disse, ainda, que o Brasil reitera a posição de que a solução para a região é a criação de dois Estados e que o país continuará firme no apoio para que a Palestina seja admitida como membro pleno da ONU.
“Somos firmes no apoio à admissão da Palestina nas Nações Unidas, como membro pleno. Reiteramos também o apoio do Brasil a uma paz duradoura para o Oriente Médio, com dois Estados, Palestina e Israel, vivendo lado a lado, em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e reconhecidas internacionalmente”, declarou.
O professor de Relações Internacionais Vladimir Feijó explica que já era esperado Vieira não visitar Israel neste giro pelo Oriente Médio, mas que chama a atenção a posição do Brasil em liderar agora a revisão no status da Palestina para que seja membro pleno da ONU.
VETO DOS EUA
Mauro Vieira insistiu ainda na necessidade de cessar-fogo em Gaza para permitir a ajuda humanitária e lembrou que o Brasil já propôs resolução do tipo na ONU, mas essa foi vetada pelos Estados Unidos, país apoiador e financiador incondicional de Israel.
“O veto não veio sem custos”, disse. Naquele momento, em 18 de outubro de 2023, eram 3,2 mil mortes. “Hoje, são mais de 31 mil”, alertou. “A credibilidade do atual sistema de governança internacional está debaixo dos escombros de Gaza”, afirmou.
O chanceler confirmou também que o Brasil vai manter a ajuda financeira à agência da ONU, que cuida de refugiados palestinos.
O órgão foi acusado – infundadamente, pois não há provas – por Israel de abrigar terroristas do Hamas e boa parte dos financiadores deixou de repassar dinheiro.
O Brasil colabora com cerca de 75 mil dólares anuais e vai manter a ajuda, embora modesta, como gesto de apoio político.
HOSTILIDADE ISRAELENSE
Em fevereiro, em entrevista à imprensa em Addis Abeba, Etiópia, após participar da cerimônia de abertura da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, o presidente Lula condenou as ações de Israel na Faixa de Gaza, classificando-as como genocídio.
Lula disse que em Gaza “não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio!”. “Porque não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um exército, altamente preparado, e mulheres e crianças” do outro lado.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe um nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou Lula.
O governo de Benjamin Netanyahu reagiu às declarações de Lula com histeria, hostilidade e mentira, quando disse que Lula tinha falado em “holocausto”, quando não é verdade.
Netanyahu declarou o presidente do Brasil como “persona non grata” em Israel.
Além disso, o governo israelense tentou humilhar o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer, com uma patética “lição” sobre holocausto.
Lula chamou o diplomata de volta ao Brasil para consultas, demonstrando, em linguagem diplomática, a insatisfação com o governo israelense.