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“Trump deve lembrar que existe um acordo que deve ser respeitado por ambas as partes. Esta é a única maneira de trazer de volta os prisioneiros”, disse nesta terça-feira (11) o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, rechaçando a ameaça do presidente Trump de que “o inferno” vai estourar se “até sábado” todos os reféns israelenses restantes não forem devolvidos.
“A linguagem das ameaças não tem valor; isso só complica as coisas”, esclareceu o Hamas. Na semana passada, Trump havia causado estupor no mundo ao externar sua pretensão de tornar Gaza uma ‘Riviera sobre cadáveres’, outro de seus empreendimentos imobiliários, à custa de dali expulsar os 2,2 milhões de palestinos. Juridicamente, uma autoincriminação por limpeza étnica, um esvaziamento de palestinos sob bombardeio que ameaça deixar o perpetrado por Israel no chinelo.
Na véspera, o Hamas advertira que poderia adiar a próxima libertação de três reféns israelenses, prevista para sábado, caso Israel continuasse violando o acordo na questão de entrada de socorro humanitário na Faixa de Gaza.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a manutenção do frágil cessar-fogo na Faixa de Gaza, dizendo que a retomada das hostilidades “levaria a uma imensa tragédia”.
“Ambos os lados devem cumprir integralmente seus compromissos”, disse Guterres em um comunicado. Ele também pediu aos lados que mantenham negociações sérias sobre a próxima fase do acordo, que concluirá a troca de presos. Na terceira fase, será negociada a reconstrução de Gaza.
Uma pequena multidão de manifestantes, incluindo parentes de prisioneiros israelenses, está realizando uma manifestação na rodovia que vai de Tel Aviv a Jerusalém, exigindo que o governo mantenha o acordo de cessar-fogo e negocie a implementação da segunda fase.
O governo revolucionário do Iêmen advertiu que, se o cessar-fogo for rompido, também voltará a disparar mísseis contra Israel em apoio ao povo palestino.
Desde 19 de janeiro, 21 israelenses foram trocados por 730 palestinos dos cárceres da ocupação, com o compromisso do Hamas sendo libertar 33 reféns capturados por quase 2.000 prisioneiros palestinos por Israel na primeira fase.
Em mais uma da série de provocações do regime de Netanyahu, ao mesmo tempo da liberação de centenas de palestinos, outros 400 já foram aprisionados e levados para as masmorras de Israel.
VIOLAÇÕES DE NETANYAHU AO ACORDO
De acordo com a Al Jazeera, Israel permitiu que apenas 8.500 caminhões de alimentos e itens básicos de ajuda entrassem em Gaza até agora, quando deveriam ter sido 12.000. Apenas 10% das 200.000 tendas estipuladas na primeira fase foram permitidas e zero das 60.000 casas móveis.
Menos da metade dos 35 caminhões com combustíveis previstos foram autorizados, deixando hospitais fora de operação. Apenas 120 dos 1000 doentes ou feridos previstos no acordo tiveram permissão para sair de Gaza para tratamento urgente nos hospitais egípcios. Nesta terça-feira, um garoto de 16 anos, com câncer, teve a permissão negada.
Desde o cessar-fogo, as pessoas vêm trabalhando para limpar os escombros das casas destruídas com as próprias mãos ou ferramentas improvisadas, já que máquinas pesadas não foram permitidas. Os corpos de inúmeras pessoas mortas permanecem sob escombros que as mãos humanas não conseguem limpar.
Centenas de milhares de famílias permanecem sem abrigo, pois a entrada de caravanas e tendas está bloqueada, deixando-as expostas a duras condições de inverno. Uma grave escassez de água potável força as pessoas a usar fontes contaminadas ou viajar longas distâncias para obter água limpa.
“O Hamas fez intencionalmente este anúncio cinco dias antes da libertação programada dos prisioneiros para dar aos mediadores tempo suficiente para pressionar a ocupação a cumprir suas obrigações e manter a porta aberta para que a troca ocorra a tempo se a ocupação cumprir seus compromissos”, disse o grupo.
Netanyahu aceitou o cessar-fogo a contragosto, sob pressão da opinião pública e dos familiares dos cativos em Gaza pois se a guerra acabar provavelmente será preso em Israel por corrupção.
GENOCIDAS SOB INVESTIGAÇÃO DA CORTE DA ONU
Israel está sob investigação da Corte Internacional de Justiça (CIJ) da ONU por perpetrar genocídio em Gaza e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o então ministro da ‘Defesa’ Yoav Gallant tiveram mandados de prisão expedidos pelo Tribunal Internacional Penal (TIP).
Segundo os números do ministério da Saúde palestino, Israel matou 47 mil palestinos, a grande maioria, crianças, mulheres e idosos, e feriu mais de 100 mil usando basicamente bombas arrasa-quarteirão fornecidas pelos EUA, em uma das áreas do planeta de maior densidade demográfica. Segundo estudo publicado pela revista britânica The Lancet, considerando também as mortes pela fome e falta de atendimento, o total de mortos beira os 200 mil.
Cerca de 10 mil estão mortos sob os escombros de casas e prédios. 90% da população palestina foi expulsa de suas casas por tiros e bombas, e forçada a caminhar até o sul do enclave. Seu retorno mal começou.