Shlomo Filber, ex-diretor-geral do Ministério das Comunicações do primeiro-ministro Bibi Netanyahu, afirmou, na terça, à polícia, durante interrogatório no caso de corrupção envolvendo seu cargo, que sua demissão foi motivada por não permitir que Netanyahu ficasse com um relógio de ouro dado pelo premier italiano, Silvio Berlusconi, conforme a lei de Israel.
Filber disse à polícia que o fato ocorreu enquanto acompanhava o primeiro-ministro e sua esposa, Sara, a uma viajem de Estado para a Itália. Depois da reunião com Berlusconi, Filber disse que o líder israelense ganhou um relógio Bulgari avaliado em cerca de US$ 1.700. “Eu disse a ele: ‘Você não pode ficar com esse relógio, entregue-me para que eu possa proceder corretamente’. Mais tarde, naquela noite, fui convocado para a sala de Netanyahu, onde Sara exigiu que eu devolvesse o relógio”.
O protocolo para servidores públicos, de acordo com a lei israelense, exige que todos os presentes caros sejam declarados e entregues ao Estado.
“Fiquei assustado com a postura de Sara, mas disse a ela que não poderia devolver o relógio, que já era tarde demais, porque eu já havia registrado como um presente de Estado e enviado de volta a Israel por meio do malote diplomático”. Não contente, “Sara gritava comigo na frente de Netanyahu, que permaneceu calado”.
“Duas semanas após o ocorrido, Netanyahu me chamou para uma reunião e me demitiu”, concluiu Filber. “Netanyahu me disse que precisava de alguém mais profissional”.
Sobre sua relação com a família, Filber afirmou que “é considerado” até hoje “persona non grata” para Sara. Ao longo dos anos, ela não me perdoou. “Assim é trabalhar para Netanyahu”.
Em mais um escândalo que faz balançar o primeiro-ministro, com muitos analistas de seu país dizendo que ele está nos seus últimos dias no poder, um israelense considerado confidente de Netanyahu está sob suspeita de ter oferecido a uma juíza o cargo de procuradora-geral desde que arquivasse um processo contra Sara. O “confidente” é Nir Hefetz, que atuou como porta-voz de Netanyahu e Sara, e que teria oferecido a função à juíza, Hila Gerstl.
Sara foi indiciada em 2017 por fraude e quebra de confiança por excessos em gastos com buffets usando, para este fim, US$ 102.000 de dinheiro público. O casal culpou o mordomo, Meni Naftali, por ‘inflar’ os gastos com sua residência.
A polícia israelense já recomendou, em 2016, que Sara Netanyahu seja julgada por receber itens sob circunstâncias graves e pelo uso de fundos públicos para despesas privadas.
GABRIEL CRUZ