Foi inaugurada em Manágua, na quarta-feira (16), uma Mesa de Diálogo entre representantes do governo, da Coalizão de Estudantes Universitários, do Conselho Superior da Empresa Privada, camponeses e entidades de moradores, com a Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) como mediadora e a presença do presidente Daniel Ortega, com o objetivo de encontrar uma saída para a grave crise que assola o país após um mês de violentas manifestações antigovernamentais, que já deixaram mais de 60 mortos.
Os protestos começaram quando o governo, atendendo ao FMI, anunciou um aumento nas contribuições para a Previdência de 3,5 pontos percentuais para os empregadores (de 19% a 22,5%) e de 0,75 pontos percentuais para os trabalhadores (de 6,25% para 7%), e corte de 5% nas pensões dos aposentados.
Daniel Ortega chefiou a Revolução Sandinista que derrotou a ditadura de Anastácio Somoza em 1979 e foi presidente pela primeira vez em 1985. Ortega está agora no olho do furacão depois que aceitou fazer essa “reforma” da Previdência contra os trabalhadores. Como se sabe, quando líderes e partidos mudam de lado e aceitam programa neoliberal, o resultado sempre tem dado muito errado, como está acontecendo com o PT depois que aderiu completamente aos ditames da seita neoliberal.
Encurralado por grandes e sucessivas manifestações, Ortega cancelou a reforma. Mas os protestos continuam.
Além dos mortos, a repressão deixa centenas de feridos, mais de 60 pessoas desaparecidas, e caos em muitas cidades, com saques, incêndios e barricadas nas ruas.
Ortega, que não aparecia em público desde que começaram os confrontos, disse que “não deve continuar correndo o sangue de irmãos na Nicarágua” e “a polícia tem ordens de não disparar” contra manifestantes. Enquanto falava, Ortega foi interrompido com gritos de “acabe a repressão” e “assassino”, por representantes estudantis que participam das conversações.