Após quatro dias de protestos, nos quais morreram pelo menos 25 pessoas, 67 resultaram feridas, 43 desapareceram e 20 foram presas pela polícia, o presidente Daniel Ortega anunciou que o decreto que determinava cortes nas pensões de aposentados está revogado.
Os protestos, que foram os mais violentos dos 11 anos do governo do presidente Daniel Ortega, começaram na semana anterior, um dia depois da publicação, no diário oficial La Gaceta, de um pacote de reformas que aumentou até 22.5% as parcelas de trabalhadores e empregadores ao seguro social e determinou uma diminuição de 5% das pensões de milhares de aposentados com o argumento de cobrir os gastos do programa de doenças e maternidade.
De acordo com o informe, dos sindicatos e associações que se opõem ao arrocho previdenciário, 17 vítimas (entre eles um agente da polícia) morreram durante os incidentes violentos na capital, Manágua, e em dois municípios vizinhos. Três faleceram em Masaya, dois em León, dois em Estelí e uma em Sébaco. A televisão local informou a morte do jornalista Ángel Eduardo Gahona quando cobria os protestos na cidade de Bluefields.
Nas manifestações também houve reclamações por fraudes eleitorais que teriam acontecido nas eleições dos últimos anos, pelos contínuos aumentos de os combustíveis, a atuação impune da Polícia e as mortes sem explicação de camponeses que se opunham ao Governo.
Além das vítimas da repressão, opositores denunciam a destruição da emissora Rádio Darío, na cidade de León, que foi incendiada na sexta-feira por simpatizantes do governo.
O presidente Daniel Ortega, ante os protestos crescentes já havia dito que abriria diálogo com o Conselho Superior da Empresa Privada (Cosep) para reavaliar os aumentos decretados ao sistema de seguridade social.
Antes de revogar as medidas de corte nas aposentadorias, ao contrário do que afirma agora, que as manifestações mostram que o decreto “não tem viabilidade”, Ortega tentou desgastar as manifestações, declarando que os protestos não seriam fruto da espontânea revolta da população, mas alentados por políticos críticos de seu governo, que recebem financiamento de setores extremistas dos Estados Unidos.