Personalidades como Ernesto Cardenal, Dora María Téllez, Víctor Hugo Tinoco, Mónica Baltodano, Jaime Wheelock, Alejandro Bendaña, Sergio Ramírez ou Henry Ruiz, todos fortemente comprometidos com a Frente Sandinista no momento da revolução que depôs o ditador Somoza, fustigam a política vigente na Nicarágua no dia de hoje. “O atual governo da Nicarágua usa algumas vezes um discurso de esquerda, uma estridência na palavra que nada tem que ver com sua prática real, muito distante de um projeto de esquerda. Pelo contrário, na Nicarágua se fortalecem e enriquecem os banqueiros e a oligarquia tradicional e grupos econômicos de ex-revolucionários transformados em investidores, em comerciantes e especuladores. Se fortalecem os setores mais reacionários da hierarquia católica”, assinalou a outrora comandante guerrilheira Mónica Baltodano.
Nesse contexto, as grandes manifestações contra o governo continuaram – e se espraiaram ainda mais – nos últimos dias, mesmo com a revogação da reforma previdenciária que a partir do 1º de julho aumentaria a contribuição de trabalhadores e empregadores e reduziria as pensões dos aposentados.
O governo, atendendo a recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI), tinha anunciado um importante aumento nas contribuições para a Previdência de 3.5% para os empregadores (de 19% a 22.5%) e de 0.75% para os trabalhadores (aumentando de 6.25% para 7%), cortando em 5% as pensões dos aposentados. O presidente Daniel Ortega cancelou a reforma e a vice-presidente, Rosario Murillo, anunciou a libertação dos presos.
Os manifestantes, porém, na quarta-feira 25, no oitavo dia de protestos, se mantém cercando a Catedral, estudantes seguem ocupando a Universidade Politécnica, epicentro das manifestações, várias estradas do país estão bloqueadas, reivindicando que os detidos sejam libertados para valer. O assessor legal da Comissão Permanente de Direitos Humanos, Marcos Carmona, disse que muitas pessoas permaneciam arrestadas em Manágua.
A Conferência Episcopal da Nicarágua aceitou intermediar e ser testemunha no diálogo convocado pelo governo Ortega.