Dezessete nigerianos sobreviventes do naufrágio de um barco com imigrantes apelaram à Corte Europeia de Direitos Humanos, denunciando que tiveram seus direitos violados pelo governo italiano, que subcontratou à Guarda Costeira da Líbia às operações de resgate até então realizadas por socorristas italianos, registrou a agência Associated Press.
O caso recebeu o respaldo de organizações de direitos humanos europeias e de juristas. Seus membros disseram terça-feira que essa política, que envolveu o uso de fundos da União Europeia para treinar e equipar a Guarda Costeira líbia para patrulhar seu litoral e levar de volta os imigrantes, tinha sujeitado os possíveis refugiados à escravidão, tortura e outros tratamentos degradantes e desumanos.
Eles afirmam que a Itália é responsável pelos abusos porque mantém “efetivo controle” sobre as equipes de resgate líbias. O caso representa um desafio direto ao acordo de 2017 do governo italiano com a Líbia que reduziu enormemente o número de refugiados chegando à Europa.
No ano passado, o escândalo da venda de migrantes provenientes da África subsariana como escravos, na Líbia destruída pela intervenção da Otan, horrorizou a comunidade internacional. Vídeo exibido pela CNN mostrou mercados ilegais perto da capital, Trípoli, que funcionavam junto a campos de concentração com imigrantes detidos. Conforme denúncias, os traficantes que vendem pessoas na Líbia também controlam grupos de que o governo instalado pela intervenção estrangeira [o chamado Governo de Acordo Nacional] – que controla parte do país – depende para a “segurança” da capital.