O jornalista e escritor Osvaldo Bertolino e Adalberto Monteiro, Secretário Nacional de Comunicação do partido, conduziram o debate com professor e economista Nilson Araújo de Souza, no programa “Olhar 65”. Debate é preparatório para o 15º Congresso do PCdoB
O jornalista Osvaldo Bertolino e o Secretário Nacional de Comunicação do PCdoB, Adalberto Monteiro, debateram, na quarta-feira (11), com o professor Nilson Araújo de Souza, membro da direção nacional do PCdoB, as diretrizes do partido para uma plataforma emergencial de reconstrução nacional. O debate, transmitido pelo programa “Olhar 65”, se insere nas discussões preparatórias do 15º Congresso do PCdoB.
Na primeira parte do debate o professor Nilson Araújo fez um diagnóstico da crise atual chamando a atenção para a tragédia sanitária da pandemia de Covid-19, agravada pela atitude negacionista do governo Jair Bolsonaro. Nilson citou o trabalho do epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, que concluiu que se o Brasil tivesse adotado uma política que ficasse na média dos demais países, o Brasil poderia ter evitado 80% das mortes ocorridas no país.
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O economista apontou a pesquisa do IBGE para demonstrar também a tragédia bolsonarista na área social. “Entre pessoas que estão desempregadas e procurando emprego, pessoas que estão desalentadas e as que estão no subemprego, são 33 milhões de pessoas”, afirmou Nilson Araújo. “Esta número de pessoas que está fora do mercado de trabalho corresponde a um terço da força de trabalho do país, sem considerar os informais”, acrescentou.
A destruição do Estado, não só do ponto de vista político, do autoritarismo e da destruição do caráter democrático do Estado, mas principalmente a destruição do ponto de vista econômico foi abordada. “Ele está destruindo as empresas. Todo mundo conhece a história da Petrobrás. Ela foi construída desde a prospecção, a extração, o refino e a distribuição, ele está desmontando isso. Desmonta a capacidade da empresa de agir”, denunciou o economista. Ele citou também o trabalho destrutivo do governo nas áreas de Ciência e Tecnologia e na Cultura.
Na segunda parte do debate foram analisadas as medidas emergenciais para o enfrentamento da crise. Essas medidas, segundo apontou Adalberto Monteiro, estão entrelaçadas para o enfrentamento da crise sanitária, social e econômica. A vacina, a ajuda emergencial, a criação de projetos de emprego e renda, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e o trabalho, como centro impulsionador do desenvolvimento, foram abordados nesta fase emergencial.
Nilson enfatizou que a prioridade das decisões emergenciais está no objetivo de colocar o trabalho como centro do desenvolvimento. “O trabalho é o núcleo central a partir do qual o documento é construído. Desde as medidas emergenciais mais imediatas até as medidas mais profundas”, disse o debatedor, enfatizando que a crise atual não é uma crise qualquer. “Ela é uma crise profunda”, destacou Nilson Araújo. “Esta é uma crise longa, que se agrava muito no governo Bolsonaro”, prossegue o professor.
“Já na emergência de uma crise estrutural tem que haver medidas estruturais”, aponta Nilson. “Além das medidas mais imediatas como a ajuda emergencial, que deve retornar ao valor de R$ 600, e que atinja o mesmo número dos beneficiados de 2020, ou seja, 68 milhões de pessoas, deve-se tomar medidas para a criação de empregos”, defendeu. Além disso, o professor sustentou a necessidade de se acelerar a vacinação da população contra a Covid-19. Ele apontou ainda a urgência em intensificar a vigilância epidemiológica como forma de controlar a pandemia, além de aparelhar o SUS e remontar o complexo industrial da saúde.
Na opinião do economista, colocar o trabalho no centro do desenvolvimento significa recuperar o poder de compra dos salários. Dobrar o valor do salário mínimo em quatro anos, revogar a reforma trabalhista e instituir salário igual para trabalho igual, além de medidas para diminuir o desemprego. De um lado, diminuindo a jornada de trabalho e de outro, adotar um programa de infraestrutura, com a retomada de obras paradas e lançando obras de qualidade como metrôs, por exemplo, que gera capacidade produtiva e gera emprego. No centro de tudo, reindustrializar o país.
Na terceira parte foram debatidas as medidas de reconstrução nacional. Retomar o controle da economia do país pelos brasileiros. Substituir a economia rentista pela economia produtiva. Colocar o Estado como alavanca do desenvolvimento. “Temos que reindustrializar o país, com as tecnologias tradicionais, mas principalmente com as novas tecnologias. Para isso será necessário que façamos investimento pesado em Ciência e Tecnologia”, defendeu o palestrante.
“A retomada do desenvolvimento deve estar centrada no trabalho”, destacou Adalberto Monteiro, secundado por Nilson Araújo, que lembrou ainda que essa posição é do PCdoB, mas “pode ser perfeitamente adotada por empresários”. Ele destacou que Roberto Simonsen, na década de 40, já sabia disso. “Não só porque é o trabalho que constrói riquezas, mas também, com a sua valorização, é quem dinamiza o mercado interno”, destacou o economista.
SÉRGIO CRUZ