“A inflação está baixa por um aspecto positivo e por outro extremamente negativo. O positivo independe da ação do governo. A supersafra agrícola jogou o preço dos alimentos para baixo e interferiu na inflação. Mas a queda da inflação se deveu, sobretudo, pela estagnação da economia”, avaliou o economista Nilson Araújo de Souza, em entrevista à Rádio Independência, sobre o índice de inflação de 2,95% do ano passado, abaixo do piso da meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Ou seja, Temer aprofundou a política de “ajuste” de Dilma/Levy e a recessão – com desemprego em massa e arrocho salarial – jogou o índice de inflação para baixo.
Para o economista, “nem sempre recessão gera inflação baixa, porque em uma economia monopolizada quando cai a demanda os monopólios aproveitam a queda das compras e compensam aumentando os preços. Normalmente, em uma recessão, em vez de cair, aumentam os preços”.
Ele esclareceu que há um tipo particular de recessão. “É a recessão em uma economia de abertura comercial. Ou seja, em uma economia que abriu as portas para produtos estrangeiros. O Brasil já havia aberto sua economia, seguiu abrindo em período recente. As tarifas de importação foram quase anuladas e o real é altamente valorizado. Muita gente acha que é bom a moeda ser altamente valorizada. Não é bom. Quando a moeda é valorizada, o produto estrangeiro fica mais barato internamente e aí você vai importar mais e destruir a produção industrial local, gerando desemprego”.
“Esse caminho de combater a inflação pelo caminho da recessão, com a moeda valorizada, é o caminho que gera desindustrialização e gera desemprego”, acrescentou.
De acordo com Nilson Araújo, não há o que comemorar: “Só devemos comemorar inflação baixa quando se dá pelo aumento da oferta, pelo aumento da produção, pelo aumento do investimento produtivo que gera desenvolvimento, que gera emprego e, consequentemente, gera pressão sobre os preços. O que está ocorrendo atualmente é que a inflação está baixa pela queda da demanda, que gera estagnação da economia e desemprego”.