O professor Nilson Araújo de Souza, assessor econômico de João Goulart Filho, pré-candidato a presidente pelo Partido Pátria Livre (PPL), avalia que o próximo presidente da República precisará mudar radicalmente a política econômica atualmente em curso no país. “Os ‘remédios’ impostos pelos neoliberais dos últimos governos, baseados no chamado ‘tripé macroeconômico’, ou seja, no câmbio flutuante, metas fiscais e de inflação, estão destruindo a economia nacional”, disse ele, em entrevista ao HP, na segunda-feira (25). A essência do tripé macroeconômico, segundo ele, é baseada na moeda valorizada (Câmbio flutuante), Superavit primário (metas fiscais) e juros altos.
Para o economista, essas políticas que, de uma ou outra forma, vêem sendo aplicadas no Brasil, algumas delas, como a submissão externa, a alta de juros e os cortes de gastos públicos, desde os anos 80, – com alguns ‘fugazes’ períodos de resistência – e outras que posteriormente adendaram a hipervalorização da moeda local e o escancaramento do país para capitais e produtos importados – período FHC – estão mantendo o Brasil inserido de forma subalterna na economia mundial e refém do sistema financeiro. “A submissão aos bancos e demais rentistas está levando o Brasil à mais profunda e prolongada crise já vivida pelo nosso povo desde os anos 30”, observou.
“O país vem registrando taxas de PIB de 2% ao ano, em média, desde os anos 80. Como o crescimento populacional também está em cerca de 2%, estamos literalmente estagnados em termos de PIB per capita há quase quarenta anos”, denunciou. “Para piorar, desde o segundo trimestre de 2014 o Brasil está em recessão. O desemprego e o subemprego já tingem 27,7 milhões de pessoas. A insistência dos últimos governos em manter as taxas de juros mais altas do mundo, está destruindo a economia brasileira”, frisou o economista.
Para ele, “é necessário reduzir as taxas de juros para os níveis internacionais, que estão próximas de zero e, algumas, até negativas”. “Temos que estancar a sangria de R$ 400 bilhões tirados do orçamento anualmente só para pagamento de juros. O país não suporta esta esterilização de recursos que deveriam estar sendo investidos na produção”, afirmou o assessor de João Goulart. “A chamada ‘crise fiscal’ nada mais é do que a crise provocada pelos gastos financeiros e não por gastos sociais e produtivos como se apregoa”, salientou.
Araújo disse que o projeto de João Goulart é dobrar a taxa de os investimento em quatro anos. “O país tem os recursos para isso, mas eles estão sendo transferidos para a especulação”, observou. “Quando o novo presidente reduzir os juros e aumentar os investimentos, os empresários perceberão a sinalização e deixarão a especulação financeira”, argumentou. “Até porque”, avalia o especialista, “ela não será mais tão atrativa como é hoje”. E, convenhamos, qualquer estudante de economia sabe que quem puxa o investimento geral é o investimento público”, acrescentou. “Os empresários voltarão a atuar em seu próprio ramo, ou seja, a produção”, disse.
“Com essas medidas, vamos paralisar a desindustrialização em curso no país. A indústria de transformação já respondeu por 30% de toda a riqueza produzida no Brasil. Hoje essa parcela não passa de 11% do PIB”, apontou. “Defender as estatais estratégicas e a indústria contra a ação dos monopólios estrangeiros, protegê-las com todos os instrumentos de que o Estado dispõe, garantir crédito e ampliar o consumo da população, será o caminho de João Goulart para a retomada da economia”, acrescentou Nilson. “Com este programa do João, os empregos certamente retornarão”, destacou o economista.
“Outra medida urgente será a recuperação do salário mínimo. Sem aumento do poder de compra, sem a ampliação do mercado interno, não há como a economia reagir”, observou Araújo. “João Goulart defende dobrar o salário mínimo real em quatro anos”, informou o economista. “O pré-candidato acha isso fundamental e ele tem toda a razão”, prosseguiu. “Na opinião de João Goulart Filho, sem o fim da desigualdade, sem uma distribuição de renda adequada e sem a ampliação do mercado interno não há como o país avançar. Por isso ele defende a valorização dos salários”, disse o professor, responsável pelo programa econômico de João Goulart.
S.C.