A Suprema Corte da Coreia do Sul decidiu na terça-feira (30) que uma empresa do Japão deve indenizar quatro sul-coreanos pelo trabalho forçado durante a Segunda Guerra Mundial, quando o exército imperial japonês ocupava a península coreana.
Mais de treze anos depois do início do caso, só um deles sobreviveu para ver a sentença, Lee Choon-shik, de 94 anos, que compareceu à audiência em sua cadeira de rodas. O caso demorou tanto porque o governo Park, e seu antecessor, pró-império, não queriam desagradar Washington e Tóquio, em detrimento das vítimas dos crimes de guerra. Yeo Un-taek, Shin Cheon-su e Kim Gyu-su foram representados por seus retratos funerários. Kim morreu há apenas três meses. A ação teve início em fevereiro de 2005.
A Suprema Corte sul-coreana considerou que os quatro foram vítimas de trabalho forçado, um crime contra a humanidade cometido durante o domínio colonial da Coreia pelo Japão, que portanto não prescreve, e mantêm seus direitos individuais de reivindicar uma indenização, apesar do tratado básico entre os dois países de 1965. A Nippon Steel & Sumitomo Metal Corp – a sucessora da Iron Steel, empresa em que foram submetidos ao trabalho escravo – foi condenada a pagar 100 milhões de wons (US $ 87.700) a cada um dos quatro demandantes.
“Sinto-me triste e ansioso por estar aqui sozinho no julgamento hoje. É de partir o coração e eu quero chorar. Eu gostaria que eles estivessem aqui também”, disse Lee, antes de irromper em lágrimas, incapaz de continuar.
Como denunciou o jornal Hankyoreh, “a decisão chegou tarde demais para aliviar a amargura acumulada por mais de 75 anos pelo desdém e pelas infernais condições de trabalho que Lee e os demais sofreram entre 1941 e 1943 na fábrica do Japão Iron and Steel Co., a precursora da Nippon Steel e Sumitomo Metal Co. Para as vítimas idosas de trabalho forçado, a justiça tardia não é justiça nenhuma”.
Já a gigante japonesa do aço – para a qual a quantia que terá de indenizar é uma ninharia – declarou a sentença “profundamente lamentável” enquanto a chancelaria japonesa prometia “convocar” o embaixador sul-coreano.