A repercussão do aumento do desemprego na condição dos brasileiros pouparem fez com que as retiradas da poupança superassem os depósitos em R$ 6,06 bilhões em 2019 até setembro. No mesmo período do ano passado – ainda que o país já estivesse em crise – as captações foram maiores que os saques em R$ 25,5 bilhões. Os dados foram divulgados na sexta-feira (4) pelo Banco Central (BC).
Além da redução de recursos poupados, o movimento de retirada deste grande volume expressa que o dinheiro, antes poupado ou investido, está sendo usado para cobrir dívidas ou despesas corriqueiras e mensais. Ou seja, as famílias estão usando as suas economias para enfrentar a crise.
Um exemplo disso é que ao mesmo tempo que as retiradas da poupança aumentaram, o consumo e demanda caíram – assim como a intenção de consumo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no varejo ampliado (que inclui o comércio de automóveis e material de construção) chegou em julho a um patamar 8,9% mais baixo do que pico em 2015. A intenção de consumo das famílias estava em agosto 1,7% abaixo dos dados do ano anterior, segundo pesquisa mensal realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Endividamento
No mesmo sentido dos saques à poupança, o total de famílias endividadas cresceu no período e atingiu 65,1%. Os números são da Confederação Nacional do Comércio (CNC), que trabalhou com dados do mês de setembro para a pesquisa.
Com o aumento da informalidade, o desemprego alto e a renda em queda, 65,1% das famílias relataram ter dívidas, contra 64,8% em agosto e 60,7% em setembro do ano passado. É o maior resultado desde julho de 2013 e o terceiro maior patamar da série histórica.
Desemprego
Além dos 12,6 milhões de desempregados, a crise foi responsável por criar uma legião de trabalhadores por conta própria, ou seja, que passaram a exercer atividades com remuneração muito baixa, sem estabilidade e direitos. Somados os desempregados e subempregados, falta trabalho para 27,9 milhões de pessoas – ou 24,6% da força de trabalho do país.