Em 2019, a duração do benefício era, em média, de 18 dias. Caiu para 13, segundo pesquisa
Com a inflação nas alturas, o vale-refeição dos trabalhadores brasileiros passou a durar, em média, apenas 13 dias dos 22 trabalhados. A informação é de pesquisa da Sodexo Benefícios e Incentivos, que conclui que o preço atual das refeições fora de casa não tem acompanhado o saldo dos benefícios depositado pelas empresas. Em 2019, a duração média do vale-refeição era de 18 dias.
“Se considerarmos que cada transação acontece em um dia útil, podemos dizer que hoje o trabalhador precisa desembolsar nove dias do salário para almoçar e assim fechar o mês até a próxima recarga do benefício “, diz
Willian Tadeu Gil, diretor de Relações Institucionais e de Responsabilidade Corporativa da Sodexo Benefícios e Incentivos.
O preço médio de uma refeição em junho de 2022 foi de R$ 40,64 de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT). A entidade diz que o reajuste nos benefícios no primeiro trimestre de 2022 em comparação ao mesmo período do ano passado foi de 7,64% – o que não alcança a variação da inflação geral do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 11,3% até março. Muito menos a inflação da refeição fora de casa, que em 12 meses acumula alta de 17,4%.
Em 10 anos, o preço de um prato-feito na rua aumentou 48,3% – em 2013, comer fora custava cerca de R$ 27,40, contra a média de R$ 40,64 em 2022. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado no período analisado foi de 73,8%.
Se as refeiçoes na rua estão tão caras que os trabalhadores já precisam desembolsar uma parcela de seus salários para completar os benefícios, cozinhar em casa também não é alternativa diante do descontrole de preços – especialmente dos alimentos – que já é uma marca do governo de Jair Bolsonaro.
De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos), o preço médio da cesta básica em junho de 2022 ultrapassa os R$ 700 na maior parte das capitais do Brasil, com aumento de 26% em 12 meses. Isso significa que um trabalhador que recebe um salário mínimo atual gasta quase 70% (mais precisamente, 69,31%) de sua renda apenas com as despesas mais básicas.