No maior aumento mensal do ano, exportações chinesas crescem 8,3% em setembro

As exportações da China aumentaram 8,3% em setembro ante o mesmo mês de 2024, segundo dados divulgados na segunda-feira (13) por Pequim, em um sinal de expressiva resiliência diante das recentes ameaças comerciais e medidas hostis dos Estados Unidos.

O desempenho que é o maior total mensal deste ano de 2025 até agora, representa uma aceleração em relação a agosto (quando as vendas externas avançaram 4,4%) e ainda superou as projeções de mercado apuradas por agências internacionais como a Reuters, que apontavam para um aumento de 6%.

“A posição da China é consistente. Não queremos uma guerra tarifária, mas não temos medo de uma”, sinalizou o Ministério do Comércio chinês em comunicado neste domingo, 12, afirmando que não vai recuar diante da ameaça do presidente Donald Trump de impor uma tarifa de 100% ao país, e pediu aos Estados Unidos que resolvam as diferenças por meio de negociações, e não de ameaças.

Foi o primeiro comentário oficial do Governo chinês à ameaça de Trump de elevar o imposto sobre importações chinesas até 1º de novembro, em resposta às restrições impostas por Pequim à exportação de terras raras, que são vitais para uma ampla gama de produtos de consumo e militares.

As terras raras são um conjunto de 15 elementos químicos, normalmente encontrados na natureza misturados a minérios, de difícil extração – daí o nome -, mas com características peculiares, como magnetismo intenso e absorção e emissão de luz.

A CHINA POSSUI 70% MUNDIAL DAS TERRAS RARAS

A China responde por cerca de 70% da mineração mundial de terras raras e controla cerca de 90% de seu processamento global. O acesso ao material é um dos principais pontos dos problemas nas negociações comerciais entre Washington e Pequim. Esses minerais possuem propriedades especiais que fazem com que sejam usados em uma infinidade de aplicações de alta tecnologia, como lasers, superímãs – presentes nos discos rígidos de computadores e nos motores de carros elétricos e de geradores eólicos -, lâmpadas de LED e catalisadores usados na separação de componentes do petróleo. O que leva alguns a chamá-las de “ouro do século 21”.

As restrições chinesas de exportação têm afetado fabricantes europeus, americanos e de outras regiões que estão sendo exigidos pelos chineses de negociar com regras claras.

 “Por algum tempo, certas organizações estrangeiras e indivíduos transferiram materiais de terras raras de origem chinesa, diretamente ou após o processamento, para usuários militares e outros usuários sensíveis, ameaçando a segurança da China, prejudicando a paz e a estabilidade globais e prejudicando a não proliferação”, denuncia o Ministério do Comércio chinês.

A China tem sido um dos poucos países que não recuaram diante das descontroladas ameaças de Trump que, desde que assumiu o cargo em janeiro, aumentou os impostos sobre as importações de muitos parceiros comerciais dos EUA, buscando obter concessões ou, como no caso da China, no vão afã de deter o seu crescimento.

 “Recorrer frequentemente à ameaça de altas tarifas não é a maneira correta de se relacionar com a China”, assinalou o Ministério em sua publicação, pedindo que quaisquer preocupações fossem abordadas por meio do diálogo.

 “Se o lado americano insistir obstinadamente em sua prática, a China certamente tomará medidas correspondentes para salvaguardar seus direitos e interesses legítimos”, afirmou a publicação; como aliás foi feito com relação às restrições de exportação de terras raras.

“Não temos medo” de uma guerra tarifária, apontou, em resposta à ameaça de Trump.

EUA TAMBÉM PRETENDEN COBRAR TAXAS PORTUÁRIAS

O comunicado do Ministério do Comércio afirmou que os EUA também estão ignorando as preocupações chinesas ao avançar com novas taxas portuárias para navios chineses, que entram em vigor nesta terça-feira. Em resposta, a China anunciou na sexta-feira (10) que iria impor taxas portuárias aos navios americanos.

Os embarques para os Estados Unidos despencaram 27% — no sexto mês consecutivo de quedas de dois dígitos —, mas essa retração foi compensada pelo forte crescimento das vendas para regiões como a União Europeia, por exemplo. No total, as exportações para destinos fora dos EUA aumentaram 14,8%, o ritmo mais rápido desde março de 2023.

 “O crescimento mais rápido das exportações da China em setembro mostra que os embarques para mercados fora dos EUA estão compensando a forte queda nas exportações destinadas aos Estados Unidos sob tarifas mais altas. Isso provavelmente reflete tanto uma maior expansão em mercados não americanos quanto transbordos via terceiros países, para aproveitar tarifas relativamente mais baixas”, apontou Eric Zhu, analista da Bloomberg Economics.

MERCADOS ALTERNATIVOS CRESCEM 

Os embarques para a África dispararam 56% no mês passado — o ritmo mais rápido desde fevereiro de 2021 —, enquanto as exportações para a América Latina se recuperaram 15,2%, revertendo as quedas observadas em junho e agosto.

As exportações para a União Europeia cresceram mais de 14%, o maior aumento em mais de três anos, e as destinadas ao bloco comercial do Sudeste Asiático, composto por dez países, avançaram quase 16%.

O Vietnã foi um dos principais parceiros comerciais a registrar os maiores aumentos, com as exportações chinesas para o país subindo quase 25%, mesmo com o ritmo geral de crescimento moderado.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *