
Já são mais de dez dias de apagão de dados do MS. As crianças estão sem vacina e as autoridades sanitárias estão às escuras diante da ameaça da ômicron. Nada disso preocupa o Planalto
O Brasil está vivendo um momento bastante delicado da pandemia. Os casos de Covid-19, que vinham tendo uma queda importante, apesar das notícias do surgimento da variante ômicron, que está se espalhando rapidamente pela Europa, tiveram uma elevação no pais nos últimos dias. No início de dezembro as hospitalizações por sintomas respiratórios graves na cidade de SP reverteram a queda e começaram a subir.
Considerando os últimos dados disponíveis pelo Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), publicados na última segunda-feira (20), foram registradas 1.218 internações por suspeita de Covid nos últimos sete dias. Isso representa um crescimento de 48,7% em relação aos sete dias anteriores, quando 819 novos pacientes foram admitidos no sistema de saúde com esse tipo de sintoma.
Exatamente neste mesmo período surge o apagão no sistema de informações do Ministério da Saúde. Ou seja, não há mais dados confiáveis disponíveis sobre os números de casos e óbitos por Covid no país. O apagão, segundo o Ministério da Saúde, foi consequência de um ataque hacker no sistema ConecteSus. O ataque realmente houve, mas não há nenhuma explicação plausível – a não ser sabotagem – para o fato de se passarem dez dias com o sistema fora do ar.
Isto gera uma situação em que os números não são confiáveis e as medidas que deveriam estar sendo tomadas, sofrem um grande retardo. Quanto mais o Ministério da Saúde demorar, mais a situação da pandemia foge do controle. Vários países do mundo estão tomando medidas de proteção contra a nova variante do coronavírus.
Houve um atraso, por exemplo, na implantação do passaporte vacinal para viajantes que chegam ao Brasil. Além disso, a demora do governo em autorizar a vacinação das crianças, faixa etária que está vulnerável, as coloca numa situação de alto risco de contraírem e transmitirem a nova variante. Todos os especialistas estão cobrando celeridade na vacinação das crianças.
Os pesquisadores emitiram um alerta sobre esse crescimento de internações no município de São Paulo e destacaram que a tendência de queda que vinha sendo observada nos últimos meses passou por uma inversão no começo de dezembro. “A gente não pode afirmar que todos esses casos são efetivamente Covid, porque muitas vezes os sintomas da gripe são semelhantes. Mesmo não sendo Covid, são pessoas com sintomas respiratórios e isso é um peso no sistema de saúde”, diz Roberto Kraenkel, professor da Unesp.
“Não temos ideia do que pode acontecer daqui a um mês. Já sabemos que existe transmissão comunitária da ômicron. A chegada de uma variante de grande preocupação deveria estar permeando as polícias de saúde no momento. É hora de ligar um alerta. Se ele já existe, ainda não foi divulgado com clareza para a população e as pessoas que estudam a pandemia”, acrescentou o infectologista.
Enquanto o país aguarda ansioso a liberação de vacinas para as crianças, enquanto se busca a volta imediata da divulgação de dados bloqueados, para que se tomem as medidas adequadas de proteção contra a nova variante, o presidente da República está passeando de barco nas praias paulistas, dançando funk com amigos e bebendo em plena segunda-feira de trabalho normal para os brasileiros.
Ele tirou uma semana de folga antes do recesso de fim de ano. Não parece estar nem um pouco preocupado com a saúde e nem com outros problemas da população. Aliás, Bolsonaro não parece estar preocupado com absolutamente nada a não ser seus interesses políticos mesquinhos e eleitoreiros.
Abandona o governo para passear e se divertir nas parias em plena crise, com a população passando fome, com milhares de pessoas fazendo fila para comprar osso nos açougues, com a inflação disparando e o desemprego nas alturas. A única coisa que Bolsonaro faz, além de zombar do povo e de sua tragédia, é atacar adversários, fazer campanha eleitoral, combater vacinas e defender a disseminação do vírus. Por isso ele faz aglomerações quase diárias.