
“Anomalia” aconteceu durante um “teste estático de rotina”, explicou a Space X. Foi o quarto teste que acabou em fogos de artifício sobre o Caribe só este ano
O foguete Super Heavy e a nave Starship, da SpaceX de Elon Musk, explodiram na noite desta quarta-feira (18), durante a preparação para o seu décimo voo teste na base de Boca Chica, no Estado do Texas (EUA), reeditando os fogos de artifício no céu presenciados nos testes mais recentes do que pretende vir a ser o transportador para as viagens à Lua e a Marte.
A detonação ocorreu por volta das 23h no horário local (1h da madrugada de quinta-feira, 19, no horário de Brasília). Na primeira manifestação pública de Musk sobre a nova explosão, ele a atribuiu a “uma falha no armazenamento de nitrogênio”, o que seria sem precedentes.
“Se uma investigação mais aprofundada confirmar que foi isso que aconteceu, é a primeira vez que isso acontece com esse projeto”, ele postou em sua conta na sua própria plataforma, a X.
O teste desta quarta-feira decorreu, como habitualmente, com transmissão ao vivo, feita pela NASASpaceflight, uma empresa independente de comunicação espacial que tem câmaras no complexo da SpaceX. As imagens mostram o momento da explosão, tão intensa que, a dada altura, a imagem fica completamente branca. Depois, deflagraram as chamas que continuaram madrugada a dentro.
Segundo mensagem das autoridades locais, via Facebook, “durante um teste estático de rotina na Starbase, Texas, o Starship 36 da SpaceX sofreu uma falha catastrófica e explodiu”.
Veja o vídeo.
Esta explosão é a quarta só neste ano e, de dez testes desde abril de 2023, só um atendeu plenamente as expectativas e dois, parcialmente; nos demais, “Kabum!”
“Uma grande anomalia”, asseverou em comunicado a Space X, acrescentando que não houve feridos – o voo não era tripulado.
“Nossa equipe da Base Estelar está trabalhando ativamente para proteger o local do teste e a área circundante, em conjunto com as autoridades locais. Não há riscos para os moradores das comunidades vizinhas, e pedimos que as pessoas não tentem se aproximar da área enquanto as operações de segurança continuam.”
A temporada dos fogos de artifício foi inaugurada em abril de 2023, com a Starship explodindo quando ainda estava acoplada ao Super Heavy em Boca Chica, no primeiro teste.
Segundo a Space X, uma falha nos motores fez a empresa “ativar um sistema de destruição” para explodir o foguete. Posteriormente, a empresa identificou a necessidade de “17 correções”.
No segundo teste, uma certa melhora: o Super Heavy explodiu em novembro de 2023, mas logo depois de se separar da nave.
O terceiro voo aconteceu em março de 2024 e durou 50 minutos. A Starship foi destruída – ou seja, explodiu -, mas a empresa considerou esse teste “um avanço” porque nunca tinha ido “tão longe” neste tipo de missão.
O teste de junho de 2025, o quarto, foi o primeiro bem sucedido, com a Starship pousando no Oceano Índico e o Super Heavy, no Golfo do México, como planejado.
Na quinta missão, em outubro de 2024, a empresa conseguiu o retorno inédito do Super Heavy com a captura no ar pelos “braços da plataforma”, enquanto a Starship pousou no Oceano Índico. Aliás, não foi propriamente um “pouso”, pois explodiu. Mas, segundo a Space X – não contavam com a nossa astúcia – esse era exatamente o plano.
No sexto teste, um mês depois, a SpaceX não conseguiu fazer o foguete Super Heavy (propulsor da Starship) repetir o retorno para a plataforma de lançamento. O foguete acabou no Golfo do México e a nave, no Oceano Índico.
No sétimo voo, em janeiro de 2025, a empresa de Musk conseguiu repetir manobra em que o foguete Super Heavy é levado de volta à plataforma de lançamento. Mas a Space X perdeu o contato com a Starship, e destroços da nave foram vistos riscando o céu. 240 voos comerciais que cruzavam a região do Caribe foram forçados a desviar de suas rotas. Conforme a empresa de Musk, os destroços “caíram em áreas determinadas para tal”. No oitavo teste, novo chabu, também sobre os ares do Caribe.
O que se repete no nono teste: a nave girou no espaço de forma não programada e sua altitude deixou de ser controlada pela SpaceX cerca de 40 minutos após o lançamento. Já em órbita, a nave também falhou em abrir a porta para lançar sua carga — oito simuladores de satélites da Starlink, braço da SpaceX no setor de internet. A Starship acabou destruída, com seus destroços espalhados sobre os céus das Bahamas. A Starship, explicou a Space X, “sofreu uma rápida desmontagem não programada” durante o voo.
Imagine-se o que a imparcial mídia pró-EUA estaria comentando se tamanhas proezas estivessem ocorrendo com um fabricante chinês…