No Sete de Setembro, a Paulista é do povo

Foto: Felipe Campos Mello - Fotos Públicas

A praça! A praça é do povo

Como o céu é do condor

É o antro onde a liberdade

Cria águias em seu calor.

Castro Alves, O Povo ao Poder

O fascismo – inclusive em suas variantes mais vagabundas, como é o caso de Bolsonaro e seu círculo mais pegajoso – sempre joga na confusão, para passar por cima das leis, das regras e das instituições que quer derrogar.

Assim é o caso da tentativa de tomar a Avenida Paulista, no Sete de Setembro, para uma manifestação golpista, de resto ilegal, pois abertamente voltada para a destituição do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso (inclusive tentando passar por cima da decisão da Câmara sobre o “voto impresso”).

Para a maior parte das pessoas, a confusão aprontada pelos sequazes de Bolsonaro é tanta, que parece incompreensível essa suposta “disputa” da Paulista. Já abordamos esta questão em matéria anterior, mas voltemos ao assunto, pois ele continua presente – e cada vez mais – à medida em que nos aproximamos do Sete de Setembro.

Pois tudo é bastante simples.

Resumamos o problema:

1) Por uma decisão judicial, somente pode ser realizado um ato na Avenida Paulista em um determinado dia (v. Decisão do processo nº 1000553-30.2020.8.26.0228).

2) Para o último dia 24 de julho, além do movimento em defesa da democracia, uma única pessoa requisitou a Paulista para “um ato de cunho religioso”. Entretanto, foram os mesmos promotores desse ato que preferiram realizá-lo no Ibirapuera, bem longe da Paulista. Notemos que a requisição não era para um ato político a favor de Bolsonaro, mas para “um ato de cunho religioso”.

3) Então, no dia 24 de julho, realizou-se, na Paulista, o ato, em defesa da democracia, da campanha “Fora Bolsonaro!”. Não houve disputa, pois o ato religioso (a “Marcha por Jesus”) foi, como dissemos acima, no Ibirapuera, por decisão de seus próprios organizadores.

4) Por fim, no dia 1º de agosto, Bolsonaro fez o ato em seu apoio e do “voto impresso”.

FRAUDE

Entretanto, apesar de ser claro o que está acima, a patifaria bolsonarista – essa, cuja face visível, nos últimos dias, é composta por quase-cadáveres como Roberto Jefferson, Sérgio Reis, Eduardo Araújo, Amado Batista e outras múmias em perspectiva – diz que, como para o dia 24 de julho houve um pedido para o mencionado “ato de cunho religioso”, mas ele não foi realizado, a vez agora, no Sete de Setembro, seria deles, na Avenida Paulista.

Ou seja, o Sete de Setembro substituiria o 24 de julho que eles não realizaram na Paulista.

Que o pedido para o 24 de julho tenha sido para um ato religioso – e não para um ato político, como o que o círculo de Bolsonaro pretende realizar em Sete de Setembro – e que, mesmo assim, a decisão de realizar esse ato religioso no Ibirapuera (e não na Paulista) haja sido de seus promotores, é coisa que não importa para escroques.

Por qualquer critério, isso é uma farsa. Ou, como sempre acontece com o fascismo, uma fraude e uma mentira.

Vamos, outra vez, resumir:

1) A requisição do dia 24 de julho não foi para uma manifestação de Bolsonaro, como é agora, mas para um ato religioso.

2) Os próprios organizadores desse ato religioso desistiram de realizá-lo na Avenida Paulista.

3) A última manifestação política na Avenida Paulista foi a favor de Bolsonaro (a do “voto impresso”) no dia 1º de agosto.

4) Portanto, pelo critério de revezamento, a Paulista, no Sete de Setembro, está reservada, de pleno direito, para as manifestações contra Bolsonaro.

INDEPENDÊNCIA

As entidades que organizam o ato contra Bolsonaro e o “Grito dos Excluídos”, da Igreja Católica, estranharam quando o comando do 11º Batalhão da Polícia Militar de São Paulo disse que a vez na Paulista era de Bolsonaro & bando.

Aliás, é estranho que quem determine a vez na Paulista seja o comando do batalhão da PM da região. Isso não é justo com a própria PM, quanto mais com a sociedade em geral.

As entidades solicitaram a Paulista no dia 16 de agosto, portanto, muito antes do prazo mínimo estabelecido pelo governo do Estado (cinco dias antes da manifestação, pelo Decreto Estadual nº 64.074/2019).

Diante do que disse o comando do 11º Batalhão da Polícia Militar, as entidades entraram com recurso no Ministério Público.

No Dia da Independência, ter a principal via da principal cidade do país entregue a inimigos da liberdade e da soberania é algo de fazer a Pátria urrar de dor.

Pelo contrário, a Avenida Paulista, como a praça e a rua de Castro Alves, é do povo.

Assim como o céu é do condor.

V. a íntegra do recurso ao Ministério Público.

C.L.

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