Prova mostrada pela Polícia Federal desmente Frederick Wassef que se disse vítima de “fake news”
O nome do advogado de Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, é citado no recibo da “recompra” do relógio Rolex que Bolsonaro desviou da Presidência da República para fazer “virar dinheiro” nos Estados Unidos.
Na avaliação da PF, o recibo citando Frederick Wassef é uma “prova contundente” do envolvimento do advogado no esquema criminoso.
A informação é de Valdo Cruz, colunista do site G1 e comentarista do GloboNews, e confirmada pelo site UOL.
Com isso, as alegações do advogado são desmentidas. Em nota, ele se fingiu vítima de “fake news”.
“Como advogado de Jair Messias Bolsonaro, venho informar que, mais uma vez, estou sofrendo uma campanha de fake news e mentiras de todos os tipos, além de informações contraditórias e fora de contexto. Fui acusado falsamente de ter um papel central em um suposto esquema de vendas de joias. Isso é calúnia que venho sofrendo e pura mentira. Total armação”, diz a nota de Wassef.
A participação de Wassef se deu depois do Tribunal de Contas da União (TCU) determinar que todos os presentes de alto valor que o país recebeu durante a gestão Bolsonaro deveriam ser entregues à União.
Wassef é o advogado da confiança de Bolsonaro que escondeu em sua chácara em Atibaia, Fabrício Queiroz, operador das rachadinhas de Flávio Bolsonaro, então deputado estadual no Rio de Janeiro. Queiroz era procurado da Justiça e fugiu para não dar explicações sobre o caso envolvendo a família Bolsonaro.
No entanto, o grupo criminoso tinha levado as joias, os relógios e as estátuas para os Estados Unidos e vendido, ou colocado em leilões, em lojas especializadas.
“Após a divulgação de matérias jornalísticas relatando o recebimento de kits de joias por integrantes do governo brasileiro em nome do ex-Presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO, oferecidos por autoridades
estrangeiras, a investigação identificou que os envolvidos estruturaram uma verdadeira operação para resgatar os bens, que estavam em estabelecimentos comerciais nos Estados Unidos, para retornarem ao
Brasil e serem devolvidos ao governo brasileiro, tudo para cumprir uma decisão exarada pelo Tribunal de Contas da União”, diz a PF.
Foi então que Frederick Wassef viajou para os Estados Unidos para comprar de volta um dos relógios, o Rolex Day-Date, que tinha sido dado pela família real da Arábia Saudita em mãos para Jair Bolsonaro, em 2019. O relógio é feito de ouro branco e tem diversos diamantes cravejados.
“Por fim, a investigação também trouxe fortes indícios de que FREDERICK WASSEF integrou o esquema criminoso, atuando na recuperação do relógio Rolex DAY-DATE, vendido para a loja PRECISION WATCHES. FREDERICK WASSEFviajou para a os Estados Unidos, reavendo o bem no dia 14 de março de 2023. Posteriormente, de forma oculta, no dia 29 de março de 2023, trouxe o relógio para o Brasil, entregando para MAURO CESAR CID na cidade de São Paulo, para posterior devolução ao Estado brasileiro”, relata a PF.
O relógio foi vendido junto com outro para a empresa Precision Watches, em junho de 2022, pelo chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. O valor da venda foi de US$ 68 mil, correspondente a aproximadamente R$ 347 mil. O dinheiro da venda foi depositado na conta de Mauro Lourena Cid, pai do ajudante de ordens Mauro Cid.
Em março de 2023, depois do TCU ter ordenado a devolução do relógio para a União, Mauro Cid começa a conversar com seus aliados sobre o plano para recuperar o Rolex Day-Date.
No dia 14 deste mês, Frederick Wassef fala a Mauro Cid que “tocou o solo”, se referindo à sua chegada em Fort Lauderdale, na Flórida, EUA. 15 dias depois, o advogado voltou para o Brasil, trazendo o relógio que tinha sido vendido para a Precision Watches.
No dia 2 de abril, Wassef e Mauro Cid “se encontraram na cidade de São Paulo, momento em que a posse do relógio passou para Mauro Cid”, afirmou a PF. No mesmo dia, o relógio foi levado para Brasília e entregue para Osmar Crivelatti, ex-assessor do ex-presidente Bolsonaro.
Segundo a Polícia Federal, todo o esquema de desvio e venda das joias dadas por países estrangeiros tinha como objetivo enriquecer Jair Bolsonaro.
Leia a íntegra do despacho de Alexandre Moraes com base no relatório da PF