
Além de defender o país do ataque tarifário, o Estado investirá no fortalecimento da economia e soberania nacional com desenvolimento da indústria, ampliação do mercado e segurança alimentar, assegurou a presidente Claudia Scheinbaum
Plano de 18 pontos lançado pela presidente mexicana é baseado no seu compromisso com o desenvolvimento nacional, o fortalecimento do mercado interno e a melhoria do bem-estar social, com a geração de empregos e valorização do emprego e da renda, a presidente Claudia Sheinbaum apresentou no Museu Nacional de Antropologia os 18 programas e ações do Plano México.
No topo da lista, reafirmou, está seu compromisso com reforçar e expandir a produção nacional para o mercado interno nos setores têxtil, calçadista, moveleiro, siderúrgico e de alumínio, semicondutores, painéis fotovoltaicos, baterias, além da produção nacional de veículos. Da mesma forma, que a ampliação da produção nacional da indústria farmacêutica, petroquímica e de fertilizantes.
“Todos os mexicanos, fiquem certos, como fizemos até agora, que farei tudo o que estiver em minha mente, coração e mãos para viver de acordo com o nosso povo. Temos valores em nosso país: honestidade, autoridade moral e a convicção de que não há outro México como ele, e juntos faremos o melhor possível. Temos o mais importante: muita gente”, assinalou na quinta-feira (3), aclamada por governadores, empresários, representantes de povos indígenas, deputados e senadores, que prestigiaram o evento desenvolvimentista.
São prioridades, reiterou a presidente, investir na pujança do mercado interno; ampliar a produção nacional, reduzindo as importações de países com os quais não há acordo comercial; e fortalecer os Programas de Bem-Estar Social.
A expansão da autossuficiência energética, declarou Sheinbaum, será chave com o aumento da produção de gasolina, diesel e combustível de aviação em 30% e a redução das importações de gás natural, acelerando os investimentos na Comissão Federal de Eletricidade (CFE) e reforçando a Rede Nacional de Transmissão e Distribuição.
A aceleração dos projetos de obra pública já em 2025, assegurou, será crucial, com a manutenção de 44 mil quilômetros de rede federal e ampliação de rodovias, ampliação de portos e conclusão de aeroportos.
Para assegurar tais ações, apontou a líder mexicana, seu governo vai aumentar a autossuficiência alimentar, como a de milho branco – de 21,3 milhões para 25 milhões de toneladas -; de feijão – de 730 mil para 1,2 milhão de toneladas –; e de leite – de 13 para 15 bilhões de litros, aumentando o valor agregado dos produtos agrícolas, “promovendo o comércio justo” por meio da intervenção do Estado.
PROMOÇÃO DA SOBERANIA ALIMENTAR
O fortalecimento da produção nacional é a melhor maneira de enfrentar e vencer a guerra de encargos e tributos iniciada pelo governo dos Estados Unidos, afirmou Claudia Sheinbaum, para quem “produzir no país o que nós, mexicanos, consumimos é a melhor defesa contra qualquer tarifa”.
O programa nacional “Autossuficiência e soberania alimentar”, lançado sexta-feira (4) no Estado de Michoacán, anunciou a presidente, beneficiará 750 mil produtores agrícolas com o investimento de 83,76 bilhões de pesos mexicanos (US$ 4,19 bilhões) até 2030. O objetivo, esclareceu, é alcançar a soberania alimentar como contramedida diante da guerra comercial estadunidense, “aumentando a produção dos principais produtos agrícolas que os mexicanos consomem”, como milho e feijão.
“Hoje, como vocês sabem, estamos – como prometemos – dando o sinal de partida, o início deste novo programa para o campo que chamamos de ‘Colhendo Soberania’, porque o que queremos é aumentar a produção no México. O principal é o que nós, mexicanos, comemos: milho, milho crioulo, o milho que vem da origem, porque aqui no nosso país nasceu o milho, e daqui foi para todas as partes do mundo. E não foi o milho que surgiu descontroladamente, não; o milho foi domesticado pelos povos nativos do México, pelos primeiros colonizadores. É por isso que sempre dizemos: sem milho não há país”, lembrou.
“Bem, como vamos aumentar a produção? Já temos três programas: um deles, Produção para o Bem-Estar, que se dedica a quase 2 milhões de pequenos produtores. O outro programa é o Fertilizantes para o Bem-Estar, que também é entregue a quase os mesmos 2 milhões de pequenos produtores. E ainda o Preço Garantido, que este ano foi de 6 mil pesos para o milho, mas na próxima safra já combinamos com os governadores e vamos pagar mais, para que possa ser melhorado”, anunciou, sob aplausos de uma plateia de agricultores, destacando que o programa Colhendo Soberania faz parte da implementação do Plano México.
“O Plano do México (é) recuperar grande parte da produção que perdemos em nosso país para o nosso mercado interno. Isso faz parte do que apresentamos há poucos dias, e a primeira coisa é a autossuficiência e a soberania alimentar. E com quem o fazemos? Bom, com quem produz, com os agricultores, porque não se trata de garantir a produção com os grandes produtores”, enfatizou.
Os senhores do “agro” mexicano ficaram completamente isentos das tarifas generalizadas impostas por Trump ao resto do mundo na quarta-feira (2) por fazer parte do Acordo entre México, Estados Unidos e Canadá (T-MEC), mas quase metade das exportações mexicanas pagam uma tarifa por estarem fora do acordo ou para aço, alumínio e automóveis.