O ex-diretor da CIA, John Brennan, foi contratado como “comentarista” pela rede de tevê NBC e MSNBC. Brennan, que chefiou a agência de 2013 até o início de 2017, no governo Obama, estreou no domingo (4), no programa Meet the Press, com Chuck Todd. A contratação ocorre em meio ao escândalo do uso das agências de espionagem em prol da campanha Hillary, nas eleições de 2016 e da fabricação do “Russiagate”.
A RT se divertiu, lembrando que o fato de Brennan ter sido flagrado em 2014 mentindo para a jornalista da NBC Andrea Mitchell sobre as tentativas da CIA de frustrar uma investigação do Comitê de Inteligência do Senado sobre o uso da tortura pela agência, invadindo os computadores, aparentemente não contou contra sua contratação.
Glenn Greenwald, do The Intercept, sarcasticamente registrou que era isso mesmo que estava faltando na NBC: “a visão da CIA”. “Para que ter Ken Dilanian [o “jornalista” que até então servia de conduto para a CIA] quando você pode obter isso diretamente da boca do cavalo a pretexto de ‘notícias’?”
Ele também ridicularizou o costume da NBC de chamar a RT e também a Fox de “tevês estatais” enquanto contrata diretores da CIA e generais como seus “analistas de notícias”.
A mentira de Brennan sobre a invasão de computadores do Senado para tentar esconder a tortura em larga escala cometida pela CIA naturalmente não foi a única. Em 2011, Brennan asseverou que as dezenas de ataques de drones dos EUA no exterior “não tinham matado um só civil”. Na sua primeira aparição como novo porta-voz da CIA na tevê, Brennan tentou desclassificar o Memorando Nunes, acusando-o de “excepcionalmente partidário”.
Documentos internos do Pentágono a que o New York Times teve acesso em 2008 descreviam o uso de ex-oficiais militares e da inteligência nas salas de redação, durante o governo de W. Bush, para moldar a cobertura da “guerra ao terror”. Ali estes eram referidos como “multiplicadores” que poderiam entregar mensagens do governo, “sob a forma de suas próprias opiniões” – o que se deu principalmente na CNN, NBC e Fox News.