A cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, passou a adotar uma nova série de medidas restritivas de circulação desde a segunda-feira (15). A decisão foi tomada pela gestão municipal após o crescimento no número de casos e mortos em decorrência da Covid-19 e da confirmação de 12 casos com a variante de Manaus, no município.
Atualmente, a cidade de 238 mil habitantes está com 100% dos leitos de enfermaria e 94% dos leitos de UTI ocupados por pacientes com Covid-19. A presença da nova variante do vírus gerou alerta na população de toda a região, que engloba mais de 600 mil habitantes, e também vê um aumento dos casos em outros municípios.
Segundo a secretária Municipal de Saúde, Eliana Honain, Araraquara conta com “uma unidade central de atendimento para pacientes sintomáticos e nela a gente faz encaminhamentos. Temos um hospital de campanha com 51 leitos, sendo 30 leitos de enfermaria e 21 de UTI, o Hospital de Retaguarda, com 34 leitos, além do hospital da Santa Casa, com 20 leitos para Covid e também o Hospital Regional de Américo Brasiliense, com mais 20 leitos”.
Porém, “esses leitos não são só de Araraquara, eles atendem por volta de 600 mil habitantes na região”, explicou Eliana Honain à Hora do Povo.
O Comitê de Contingência do Coronavírus de Araraquara descreveu como alarmante a situação epidemiológica do município, o que levou o prefeito Edinho Silva (PT) a decretar o endurecimento das regras de combate à pandemia pelos próximos 15 dias.
Segundo o órgão, o município registrou mais 142 casos positivos de coronavírus, o equivalente a 43% de 332 amostras analisadas na Unesp e na UPA da Vila Xavier.
Nesta segunda-feira, 191 pacientes estão internados. Destes, 135 estão em enfermaria – 9 suspeitos e 126 confirmados. E 56 estão na UTI – 2 suspeitos e 54 confirmados. Do total de 191 internados, 152 são moradores de Araraquara e 39 são de outros municípios e foram transferidos para hospitais da cidade.
A secretária de Saúde explica que “a cidade sempre teve os índices mais baixos de isolamento social e com a nova cepa, que tem uma transmissibilidade maior, a doença foi se alastrando”. Para Eliana Honain, o aumento de casos e internações também se deu “decorrente, também, das festas de fim de ano e as férias escolares, que as pessoas tiveram um grande trânsito pelo estado como um todo”.
Em nota, o prefeito Edinho Silva falou em sacrifício para que a pandemia não saia do controle. “A notícia da circulação das mutações do vírus exigirá de nós maior rigor e, da sociedade, maior sacrifício, para que a gente não perca o controle no enfrentamento à doença, para que os nossos pacientes tenham leitos”, declarou.
Segundo a Prefeitura, Araraquara teve 27 mortes por Covid-19 em 13 dias. Com isso, fevereiro é o mês com o maior número de óbitos pela doença. Em janeiro, morreram 24 pessoas. “Nossa capacidade de internação está sendo testada todos os dias, chegando próximo do colapso de atendimento, com a Prefeitura ampliando leitos todos os dias”, afirmou o prefeito.
RESTRIÇÕES
“Para a gente barrar essa situação, a única alternativa que nós temos no momento é fazer o endurecimento do isolamento social, exigindo que as pessoas permaneçam em suas casas, saindo apenas quando for realmente necessário e mantendo aberto somente os serviços estritamente essenciais, Foram essas as medidas que a gente tomou junto a Prefeitura para impedir o fluxo de pessoas, tanto de pedestres, quanto de carros, bicicletas, motos se não for necessária a saída das pessoas. Impedimos também a realização de atividades físicas nas ruas e nas praças”, enfatiza Eliana Honain.
Agora, em Araraquara, o deslocamento só é permitido para acesso a serviços essenciais ou em caso de necessidade comprovada. Igrejas, templos, clubes recreativos e desportivos estão proibidos de abrir as portas até o fim do mês. O comércio essencial só pode abrir até as 20 horas e atender com o uso de senhas. Postos de combustível fecham a partir das 19 horas. Quem descumprir as regras fica sujeitos a multas que variam de R$ 120 a R$ 6 mil reais.
OXIGÊNIO
O aumento do consumo de oxigênio em decorrência do maior número de pacientes e as dificuldades logísticas para o transporte gerou um novo alerta na cidade.
Segundo a secretária de Saúde, Araraquara conseguiu impedir o agravamento a partir da usina de oxigênio que abastece um dos hospitais da cidade. “Nós reestruturamos a nossa usina que abastecia o hospital de campanha, aumentando sua capacidade”, explicou.
Honain afirmou ainda que governo Bolsonaro não ajudou em nada no combate a pandemia neste ano. A cidade, mesmo que insuficiente, só contou com o apoio do governo do Estado de São Paulo, neste período. “Este ano nós não recebemos nenhuma ajuda do governo federal. Recebemos na outra onda, mas nesse momento, nos não recebemos nada do governo federal. Temos algumas ajudas do governo do estado através de alguns recursos, criação de leitos e equipamentos pelo estado”, afirmou a secretária de Saúde.
VACINAÇÃO
Eliana Honain garantiu que a campanha de vacinação na cidade segue conforme o cronograma, mas que para dar continuidade depende da disposição de doses pelo governo federal.
“Nós somos uma das 10 cidades que mais vacinou. Já vacinamos todos os nossos profissionais de saúde e já estamos vacinando nossos idosos acima de 85 anos. A vacinação continua, mas depende muito da disponibilidade das vacinas”.